Em denúncia feita à associação de jogadores, jamaicano Javon East diz que Jeaustin Campo o chamou de 'negro bastardo' e negro de m...' durante treinamento

Um dos clubes mais populares da Costa Rica, o Deportivo Saprissa virou notícia nos principais jornais do país nesta terça. Mas não por algum feito esportivo. E sim pelo anúncio da demissão do técnico Jeaustin Campos. O motivo: ataques racistas denunciados por um dos jogadores do time.

O alvo do racismo foi o atacante Javon East. Ele recorreu à Associação de Jogadores Profissionais de Futebol (Asojupro), que cobrou providencias da direção do Saprissa.

"Fomos informados que esta semana, durante treinamento da equipe do Saprissa, Jeaustin Campos utilizou vários termos racistas, como por exemplo: 'negro bastardo', 'negro de merda' para chamar a atenção do jogador Javon East", diz trecho do documento enviado pela Asojupro ao clube e revelado pelo jornal costarriquenho La Nación.

Logo após ser insultado, o atacante jamaicano de 28 anos havia procurado o gerente esportivo Ángel Catalina. Mas, ao invés de levar a denúncia adiante, o funcionário fez pouco caso. De acordo com o documento da Asojupro, ele disse a East que aquelas expressões são comuns no país. No futebol costarriquenho desde 2019, o atleta não aceitou aquela explicação e contou o episódio para a associação de atletas do país.

Com a denúncia feita, o Saprissa anunciou ainda na madrugada de segunda para terça que investigaria o caso. Já de manhã, comunicou a saída do treinador.

"O Depportivo Saprissa comunica que, logo após a reunião da Junta Diretiva nesta manhã, tomou a decisão de abrir mão imediatamente dos serviços do nosso técnico Jeaustin Campos. Paralelamente, continuará com o processo de investigação interna a respeito da atuação de Ángel Catalina na abordagem deste tema, o que tornaremos de conhecimento público assim que for concluído", diz o clube.

Com duas passagens pelo Saprissa, Jeaustin Campos é o técnico mais vencedor da história do clube. Entre títulos dos torneios Apertura e Clausura, foi campeão nacional cinco vezes. E, até então sob seu comando, o time lidera mais uma vez a tabela de classificação. Um currículo manchado pelo racismo.

"O Deportivo Saprissa lamenta profundamente que seu jogador teve que atravessar e se compromete a redobrar esforços para que uma situação destas nunca mais se repita dentro do clube", continuou o clube em seu comunicado.


Fonte: O GLOBO