
Porto Velho, RO - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado será oficialmente instalada nesta terça-feira (4) no Senado Federal, em um momento de forte tensão política e social, marcado pela repercussão da megaoperação do governo do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho (CV) nos Complexos da Penha e do Alemão, que resultou em 121 mortos.
Contexto e pressão política
Criada em junho de 2025, a CPI só será lançada agora, impulsionada pela comoção nacional e pela pressão dos setores da sociedade e da oposição após a operação no Rio. O tema da segurança pública ganhou peso na pauta política e se tornou um dos assuntos mais delicados para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tenta equilibrar a resposta institucional sem deixar que a oposição domine o debate.
O colegiado, composto por 11 titulares e 7 suplentes, pretende investigar o “modus operandi” das facções criminosas, como o PCC e o CV, além da atuação de milícias em todo o país.
Disputa pelo comando da CPI
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do pedido de criação da CPI, será o relator. Ainda não há definição sobre quem presidirá os trabalhos — a decisão deve ser tomada na sessão de instalação. A oposição, que já surpreendeu o governo ao conquistar o comando da CPMI do INSS, articula-se para tentar influenciar o resultado.
O governo gostaria de ver a presidência nas mãos de Fabiano Contarato (PT-ES) ou Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado. A indefinição abre espaço para disputas silenciosas, em um cenário de polarização crescente.
O que será investigado
A CPI terá duração inicial de 120 dias e vai apurar:
- Estruturação e expansão de facções e milícias;
- Fontes de financiamento e lavagem de dinheiro;
- Domínio territorial e prisional;
- Conexões regionais e internacionais;
- Possível infiltração no poder público;
- E propor mudanças legislativas para combater o crime organizado.
Entre os principais membros estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Sergio Moro (União-PR), Marcos do Val (Podemos-ES) e Magno Malta (PL-ES) pela oposição. Já entre os governistas e aliados, participam Jaques Wagner (PT-BA), Otto Alencar (PSD-BA), Rogério Carvalho (PT-SE), além de Fabiano Contarato (PT-ES) e Randolfe Rodrigues (AP) como suplentes.
Declarações e posicionamentos
O relator indicado, Alessandro Vieira, afirmou que pretende manter uma abordagem técnica:
"O foco será técnico. Vamos ouvir especialistas, secretários de segurança, governadores e comunidades atingidas para produzir soluções."
Já o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, alertou que a oposição tenta usar a CPI com fins eleitorais:
“A oposição quer um palanque seja onde for.”
Por outro lado, Flávio Bolsonaro declarou que o objetivo deve ser comum e suprapartidário:
"A prioridade deve ser libertar os brasileiros do crime organizado que espalha a violência em todo o país. Essa pauta é de todos."
Segurança como tema central
A operação no Rio, o debate sobre o uso da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o avanço da narrativa de “lei e ordem” desenvolvida para a CPI do Crime Organizada ao centro da agenda nacional. Para o governo Lula, o desafio é impedir que o tema seja capturado politicamente e transformado em trunfo eleitoral da oposição, enquanto tenta apresentar resposta institucional e específica com os estados no combate ao crime.
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