Camisa 10 fez o tradicional muque em frente aos torcedores do Athletico na vitória pela Copa do Brasil

Quase 48 do segundo tempo e a bola vai da cabeça de Léo Pereira aos pés de Gabigol para marcar o segundo gol da vitória por 2 a 0 sobre o Athletico na Ligga Arena, que sacramentava a já praticamente confirmada classificação do Flamengo à semifinal da Copa do Brasil. 

Na comemoração, o camisa 10 corre de forma irreverente para a frente dos torcedores do Furacão e exibe o muque, sua celebração tradicional desde que chegou ao rubro-negro, em 2019. Acaba advertido com cartão amarelo, justificado, em súmula, por provocação. A advertência sofrida pelo atacante rubro-negro está dentro das regras? O GLOBO explica.

Na súmula, o árbitro justifica, entre os cartões aplicados, o de Gabriel como "conduta antidesportiva" e relata que o jogador se aproximou da mureta com a torcida adversária, fez "gestos provocativos" e relata os copos arremessados em sua direção. Veja a íntegra:

"(Cartão amarelo) por conduta antidesportiva ao se aproximar da mureta de proteção onde estava localizada a torcida da equipe mandante e celebrar o gol de sua equipe com gestos provocativos. Tal atitude resultou em diversos copos plásticos com líquido não identificado arremessados em direção ao jogador, conforme relato no item ocorrências do jogo.

A regra 12 do jogo, que fala sobre faltas e condutas incorretas, tem dois itens que mencionam os argumentos do árbitro. Em "infrações passíveis de cartão amarelo, fala em "mostrar conduta antidesportiva". Já no item específico sobre comemorações, menciona "se aproximar dos espectadores de forma que causa riscos à integridade física e (ou) à segurança", bem como "agir de forma provocativa, debochada ou inflamatória".

Bráulio, portanto, está balizado pelo regulamento. Como em toda decisão dentro de campo, foi exercido seu entendimento, que levou em conta circunstâncias particulares de jogo. O que não diminui a polêmica: o Flamengo saiu da partida sem falar com a imprensa, em protesto à arbitragem.

O rubro-negro, assim como qualquer clube do futebol brasileiro, tem a possibilidade de ingressar no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), se assim desejar, e apresentar um entendimento próprio pedindo a anulação do cartão. Também caberá ao STJD denunciar e julgar o Athletico pelos objetos arremessados no gramado, caso entenda que é necessário.

Cartões aplicados em comemorações (exceto as de clara provocação) não são frequentes e são sempre alvos de polêmica quando ocorrem — a interpretação varia de árbitro a árbitro. 

Num dos casos mais recentes, o atacante Neymar foi advertido com cartão em partida do PSG pela Champions League, contra o Maccabi Haifa, em setembro do ano passado, por comemorar fazendo uma careta, como vinha fazendo ao longo da temporada. Na ocasião, o árbitro Daniel Siebert interpretou como provocação a torcedores rivais. O jogador da seleção brasileira protestou: "Futebol cada vez mais chato".


Fonte: O GLOBO