Desde setembro, divisa americana já se desvalorizou 10% frente às principais moedas do mundo

Os operadores de câmbio estavam ansiosos pela divulgação dos dados de inflação dos Estados Unidos nesta quarta-feira. A expectativa era que o índice desacelerasse, o que de fato aconteceu. A inflação fechou fevereiro com avanço de 5% em 12 meses. Em janeiro, havia subido 6%. A dúvida é se qualquer alta nos indicadores de preços, mesmo que em ritmo menor, vai conseguiria sustentar o patamar do dólar.

Os investidores estão convencidos de que o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) está perto do pico de seu ciclo de aperto dos juros, mesmo em cenários que exigiriam mais austeridade.

Ainda assim, o dólar subiu no fim da semana passada mesmo após a divulgação de dados do mercado de trabalho americano mais fortes que o esperado. Um mercado de trabalho mais forte indica que pode haver expansão no consumo, pressionando a inflação, o que daria munição ao Fed para elevar os juros.

Com taxas mais altas nos EUA, a tendência é que haja uma atração de dólares para o mercado americano, levando a moeda a se fortalecer. Mas especialistas avaliam que a tendência é de desvalorização, pois o ritmo de eventual alta dos juros deve ser menor.

"Esperamos que o dólar enfraqueça à medida que os EUA cresçam e que o prêmio da taxa de juros caia em relação ao resto do mundo nos próximos meses", escreveu Solita Marcelli, diretora de investimentos para as Américas do UBS Global Wealth Management, em nota.

O índice Bloomberg Dollar Spot, que compara o desempenho de dez moedas em relação ao dólar, caiu quase 10% desde que atingiu uma alta recorde em setembro passado, com o Fed diminuindo o ritmo de aumento dos juros.

O euro e a libra esterlina subiram no mês passado, pois espera-se que os bancos centrais aumentem as taxas de juros nos próximos seis meses, enquanto o banco central americano provavelmente permanecerá em espera antes de reduzir as taxas no fim deste ano.

“A tendência de baixa do dólar pode ser interrompida um pouco no curto prazo, com expectativas de outro aumento do Fed no próximo mês”, escreveram analistas da TD Securities liderados por Mark McCormick, em nota. Mas no longo prazo, a tendência de queda deve permanecer.


Fonte: O GLOBO