Manuela Vitória, de 19 anos, foi presa com 3,9 quilos de cocaína no aeroporto de Báli

As testemunhas de defesa da catarinense Manuela Vitória de Araújo Farias, de 19 anos, serão ouvidas na próxima terça-feira, dia 18 de março, segundo o advogado Davi Lira, que representa a família e acompanha o caso. As testemunhas de acusação — quatro oficiais da alfândega e dois policiais — já foram ouvidas no dia 11 de abril, em audiência de instrução e julgamento.

— É uma fase de oitiva de testemunhas e produção de provas. No dia 11, teve oitiva de testemunhas de acusação. Foram seis. No dia 18, será a vez das testemunhas de defesa. Após a instrução do processo, vai ter uma sentença, que ainda não tem data definida — explica o advogado.

A brasileira foi presa na Indonésia com 3,9 quilos de cocaína, virou ré no país e pode receber pena de morte após o julgamento.

— Ela passou a se tornar ré em processo judicial. O ministério ofereceu a denúncia e o processo está andando — diz Davi.

Manuela Vitória, que trabalha como vendedora de roupas e perfumes, contou aos familiares que iria passar o réveillon em Bali com um namorado, que reside em Portugal e com quem ela já havia viajado para o exterior no passado. A brasileira, no entanto, chegou à Indonésia sozinha.

Após aterrissar no aeroporto de Bali, Manuela acabou detida quando os quase 4 quilos de cocaína, distribuídos em pacotes escondidos em duas malas, foram detectados no raio-x. Quatro comprimidos de clonazepam também estavam guardados em uma bolsa. Desde então, ela está presa, tendo como advogado um defensor público.

Segundo ele, a pena mínima é de cinco anos, mas pode chegar até a pena de morte, de acordo com Davi Lira da Silva. A família chegou a tentar contratar um advogado particular especialista em casos como esse, mas o preço, que ficava acima dos US$ 50 mil, foi um impeditivo.

De acordo com o diretor de Investigação de Narcóticos de Bali, Kombes Iwan Eka Putra, Manuela relatou não saber que levava substâncias ilegais na bagagem. Conforme o seu relato, foi prometido a ela entrar em uma escola de surfe em troca do transporte das bagagens. Ainda de acordo com Kombes Putra, a polícia não conseguiu identificar quem seria o destinatário das drogas.

O advogado da família de Manuela defende que ela foi usada como “mula”.

— A Manuela foi usada. Tem um termo que a gente usa para isso, que representa bem o que aconteceu. Chama-se: mula. Os policiais da Indonésia mesmo se referiram a ela como atravessadora — explica o advogado, que atua no Pará, estado onde a jovem, moradora de Belém, tinha residência. — Ela não é narcotraficante. Ela é uma jovem que tem sonhos, esperanças.

De acordo com o advogado, ela foi aliciada por uma organização criminosa com atuação em Santa Catarina para fazer a viagem levando o carregamento, com a promessa de que passaria um mês de férias em Bali, com uma matrícula garantida na escola de surfe.


Fonte: O GLOBO