Eduardo Batista, de 39 anos, desceu de seu apartamento para ajudar uma vizinha que não tinha as chaves do portão. Depois, parentes dela foram até sua porta e o assassinaram

Um caso brutal, e ainda sem explicação, envolvendo vizinhos de um condomínio no bairro da Sé, no Centro de São Paulo, está sendo investigado pela Polícia Civil. Eduardo Paiva Batista, de 39 anos, foi assassinado na porta do próprio apartamento, na madrugada da última terça-feira (21), após levar uma facada no pescoço desferida por uma vizinha que havia se mudado recentemente para o prédio. 

Tudo aconteceu na frente da esposa, do enteado, de 23 anos, e da filha bebê do casal, recém nascida. A motivação do crime é um mistério até para eles.

Os parentes contam que, por volta de 1h30 da manhã, uma mulher que até então eles não conheciam, apareceu no portão do condomínio gritando e pedindo por ajuda porque estava sem as chaves – e não há porteiro na guarita. Mesmo de madrugada, Eduardo, então, resolveu descer para ajudar e abriu o portão para a desconhecida. Mas a história não acabaria ali, com este aparente ato de cortesia.

Às 5h da manhã, a família diz que foi acordada por pessoas batendo a porta. A esposa de Eduardo, Samantha Firmino, de 39 anos, narrou à polícia que se levantou para ver o que estava acontecendo. Foi quando se deparou com um homem e uma mulher, pessoas que também não conhecia. Eles diziam que sua família havia caçoado da irmã deles – a que gritava por ajuda para abrir o portão. 

Em meio à discussão que se iniciou na entrada do apartamento, a mulher, identificada por eles como Angela Wilma Oliveira de Souza, teria sacado uma faca, golpeando o lado esquerdo do pescoço de Eduardo. Em seguida, a dupla fugiu, correndo.

"Com muita dor que eu venho dizer. Meu padrasto Eduardo Paiva Batista foi brutalmente assassinado. Não é justo dar uma facada no pescoço de alguém por uma discussão. Por uma discussão entre vizinhos, pessoas que moram no mesmo prédio. Ninguém espera uma atitude dessas. Essas pessoas tiraram a vida de um guerreiro que nunca desistiu de lutar pela nossa família. E ainda faleceu defendendo a minha mãe", escreveu o enteado de Eduardo, Gustavo Carvalho Moya, nas redes sociais.

"Ele me deu uma irmã e fez o papel de um pai pra mim, nunca deixou faltar nada ele poderia deixar de comer, descansar, dormir mas, não deixava ninguém desamparado. Agora ele se foi e essa lacuna que ele deixou em nossa história não tem como preencher. Por esse motivo eu peço justiça. Compartilhem o máximo que puderem para o rosto dessa assassina ser estampado em todo Brasil. Uma pessoa inconsequente que acaba com uma família, não merece andar livre pelas ruas", acrescentou.

"Um dia de cada vez... e sem você", publicou a esposa, que também escreveu um texto emocionado.

O boletim de ocorrência narra que os policiais militares, acionados para ocorrência, não localizaram os três suspeitos no apartamento deles. O proprietário do apartamento que eles haviam recém alugado deu à polícia uma cópia da carteira de identidade da suspeita de ter desferido o golpe de faca contra o Eduardo. A perícia encontrou marcas de sangue em ambos os apartamentos, o que indica que eles ainda retornaram para casa antes de fuga.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de SP afirma que policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e, ao chegar no endereço indicado, encontraram a vítima já ferida. O homem foi socorrido ao Posto de Saúde do Ipiranga, mas não resistiu aos ferimentos.

O comunicado reforça que a esposa da vítima, em depoimento, relatou que um casal de desconhecidos teria aparecido em sua porta e começado uma discussão. A mulher esfaqueou a vítima e fugiu em seguida na companhia do comparsa. Foram solicitados exames periciais ao Instituto de Criminalística e ao IML e o caso foi registrado como homicídio no 8º Distrito Policial (Brás).

Eduardo e a família são naturais de São Vicente, município do litoral paulista. O técnico de eletrônica foi velado e sepultado em sua cidade natal. Eles não irão voltar ao endereço onde viveram os momentos de terror naquela madrugada de terça-feira.


Fonte: O GLOBO