Ex-ministro de Bolsonaro rejeita presidir Comissão de Meio Ambiente na Câmara e diz que polarização feita com ele no antigo governo "não é produtiva" e não deve se repetir

Porto Velho, RO -
O deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP) negou nesta terça-feira, ao GLOBO, que tenha interesse em presidir a Comissão de Meio Ambiente da Câmara. 

Além de ressaltar que está em seu primeiro ano de mandato, e ainda acha cedo presidir qualquer comissão, o parlamentar defendeu que não se faça uma polarização com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) como foi feita com ele, durante o governo Jair Bolsonaro.

— Não tenho interesse em presidir a Comissão de Meio Ambiente e nem nenhuma comissão agora. Não é função de deputado de primeiro mandato logo no primeiro ano — afirmou Salles.

 — Marina (Silva) já foi ministra, tem experiência e tem que ter espaço para fazer aquilo que ela entende necessário sem que fique a polarização. Não acho que deva fazer (com ela) essa polarização que foi feita em relação a mim (no governo Bolsonaro). Não é produtivo — completou o ex-ministro.

Segundo Salles, a polarização iria acontecer se ele assumisse a Comissão de Meio Ambiente. O ex-ministro defendeu "dar o benefício da dúvida para a entrega de resultados de Marina".

O deputado federal do PL, que foi o quarto mais votado do estado e desponta como um dos possíveis candidatos do partido à prefeitura de São Paulo, disse que até pode integrar a Comissão de Meio Ambiente ou ser suplente para "contribuir naquilo que houver necessidade". Ele ainda minimizou as críticas da oposição à possibilidade de ser indicado pelo PL para presidir a comissão.

— É a militância de sempre que fez oposição a todo o momento ao governo do presidente Bolsonaro reagindo à possibilidade de eu voltar a ocupar a posição de destaque no assunto ambiental. É natural a oposição, temos visões diferentes sobre o tema de preservação — declarou ele.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) disse que a possibilidade era uma "brincadeira de mau gosto" e chamou o ex-ministro de "traficante de madeira ilegal". O presidente da Rede em São Paulo, Giovanni Mockus, escreveu no Twitter que colocar Ricardo Salles na presidência da Comissão é como "colocar a raposa para tomar conta do galinheiro".

Salles disse que ainda não teve a oportunidade de conversar com a ministra Marina Silva, mas ressaltou que está à disposição para bater um papo se ela tiver interesse. Sobre o fato de parte da base do PL ter aberto diálogo com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Salles disse que o PL não será homogêneo nas suas posições até em função de sua história.

— Há deputados de diferentes estados que estavam no partido antes da entrada dos bolsonaristas e têm sua maneira de atuar e visão que não necessariamente é a mesma dos deputados que entraram na leva do Bolsonaro. Esses dois grupos devem ter a possibilidade de atuar da forma como lhe convém. 

Não é crível esperar que o partido tenha uma posição homogênea — afirmou o ex-ministro, acrescentando que não fará uma oposição cega ao governo. — Vou analisar caso a caso. O que for bom a gente apoia. O que puder melhorar, ajudamos. E o que for ruim votamos contra. Espero que (o governo Lula) apresente coisas boas ao Brasil, mas não é o que está parecendo.


Fonte: O GLOBO