Presidente do Flamengo também comentou sobre as possibilidades que o Vasco teve de associar-se ao consórcio formado com o Fluminense e que para ele, cruz-maltino está tentando tumultuar o processo

Porto Velho, RO -
Após as desavenças entre Cláudio Castro e o Vasco por causa da licitação do Maracanã, onde o governador afirmou preferir ver o estádio gerido por clubes e o cruz-maltino colocou em dúvida a lisura do trâmite, dando a entender que há um direcionamento para Flamengo e Fluminense, atuais administradores sejam os escolhidos, o presidente do rubro-negro resolveu falar sobre o assunto. 

Em entrevista ao Panorama Esportivo, Rodolfo Landim concordou com a colocação de Castro e afirmou que “estão começando a atacar um modelo que eu acho que é justo e correto”. Ele também explicou os motivos que levaram o consórcio a não se associar ao Vasco e defendeu o porquê de o Maracanã continuar a ser gerido pela dupla Fla-Fu.

— O edital é justo, foi lançado, todo mundo teve 45 dias para recorrer e não recorreu. Todo mundo teve prazo para recorrer. Estudamos, fizemos o dever de casa, nos reunimos, nos preparamos para o processo licitatório e ficam querendo criar chicana para impedir que o processo ande — disse Landim.

Para Landim, a visão do estado é correta em querer que os administradores sejam clubes, que, segundo ele, são os maiores interessados na preservação do estádio. E que ele enxerga que o objetivo proposto é a maximização do uso do Maracanã para o seu fim específico, que são as partidas de futebol.

— O estado está preocupado em garantir que o Maracanã vai ser usado pelo futebol. O estado enxerga o Maracanã com a sua vocação sendo os jogos de futebol. Os clubes dependem do estádio, precisam do estádio para realizar um bom futebol. 

Quando o estado faz uma licitação entregando para clubes, e é bom que se diga, não está falando clube A, B, C ou D, ele fica fora e garante que o estádio vai ser usado ao máximo. Se ele deixa apenas um clube ter a condição sozinho de ter só os seus jogos e pegar o Maracanã, na verdade, ele está diminuindo muito a quantidade de jogos que vão ser feitos. No edital fica clara essa preocupação em maximizar — contou.

Além disso, ele contou que entende que o estado teria três alternativas para o Maracanã. Uma delas seria a que considera a ideal, que é manter o estádio gerido por clubes, associações desportivas que não pretendem ter outros controladores a longo prazo; ter uma empresa como intermediária entre o estado e os clubes conforme aconteceu durante a gestão da Odebrecht; ou voltar ao antigo modelo em que o próprio estado controlava o Maracanã e se submetia as influências políticas.

— A visão está correta e acho que a gente precisa levar o processa adiante. É isso que vai beneficiar o futebol. Ninguém aqui está privilegiando ninguém. Eu fico preocupado porque vejo comentários da torcida do Vasco, que estão entregando para Flamengo e Fluminense. Não estão entregando a ninguém. O Vasco teve chance de se associar ao Flamengo e ao Fluminense, mas no início de todo esse processo preferiu não se juntar — relatou.

Segundo Landim, quando o ex-governador Wilson Witzel abriu a possibilidade de licitação do Maracanã, os clubes procuraram o Vasco para fazer parte do consórcio, mas ele se negou, por falta de interesse no estádio e por já ter São Januário.

Caso o Consórcio Maracanã permaneça com a gestão do estádio, o presidente do Flamengo alegou que não irá fechar as portas para o Vasco, pelo contrário. Landim contou que jogos serão liberados desde que haja o cumprimento de critérios técnicos, sobretudo os da qualidade do gramado. E usou como exemplo a liberação recente para que o clube jogue contra o Botafogo pelo Campeonato Carioca no estádio.

— Existe, não só uma boa vontade, mas a compreensão clara de Flamengo e Fluminense, que desde que atendendo os critérios técnicos, sempre o Maracanã estará aberto não só para Vasco e Botafogo como para qualquer outro espetáculo de futebol — disse.

Landim também falou sobre a possibilidade de acordos, que foram descartados pelo cruz-maltino. Conforme disse, uma proposta foi posta na mesa, de que em troca de datas no Maracanã, o Vasco cedesse alguns dias em São Januário, principalmente para o Fluminense para partidas de menor expressão.

—Essas coisas já chegamos pra conversar com o Vasco. Quer ter um número de datas aqui? Então ceda pro consórcio algumas datas suas. A gente troca, alguma vez joga aqui, o Flamengo e Fluminense podem jogar no campo do Vasco, mas o Vasco não quis, não aceitou a proposta — contou.

E completou:

— Às vezes a impressão que dá é que o interesse é “ou faz o que quero me dando um pedaço da gestão que é um problema pra nós ou vou criar um problema para não deixar acontecer”. Eu quero é melar, estou entrando para melar. O que não é o maior interesse do futebol. Essa percepção que tenho.


Fonte: O GLOBO