PT, MDB e PSD disputam comando das comissões de Relações Exteriores e de Assuntos Econômicos

Unidos em torno da reeleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), os partidos da base de Luiz Inácio Lula da Silva no Senado travam uma disputa interna para ocupar cargos na Mesa Diretora e nas comissões da Casa. A eleição ocorrerá nesta quarta-feira, 1º.

PT, MDB e PSD disputam a indicação da Comissão de Relações Exteriores (CRE), que é estratégica por analisar indicações de embaixadores. Já a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde tramitam temas de interesse do Ministério da Fazenda, é alvo de uma queda de braço entre o PT e o PSD.

O partido do presidente não quer ficar escanteado dos principais cargos do Senado e tem a intenção de apresentar nomes para a CRE e a CAE. A bancada se reuniu ontem para discutir a nova legislatura e definiu que vai apresentar o nome de Rogério Carvalho (SE) para a primeira-secretaria, espécie de prefeitura do Senado, que lida com os assuntos administrativos da Casa.

O senador Humberto Costa (PT-PE) inicialmente manifestou a vontade de ocupar a primeira vice-presidência, mas o partido tende a manter o acerto feito com Pacheco por meio do qual ficou acertado que o PT ficará com a primeira-secretaria. Preterido na Mesa, Costa afirmou na reunião da segunda que vai articular para comandar a CAE.

A Comissão de Relações Exteriores deve ser disputada pelo MDB, que avalia indicar Renan Calheiros (AL), e a senadora Daniela Ribeiro (PSD-PB). Senadores do PT também já sinalizaram interesse no colegiado, mas ainda não definiram nomes. 

O PSD, partido de Pacheco, e, portanto, maior beneficiado pelos acordos que garantiriam a reeleição dele, tem a maior bancada da Casa junto com o PL. Parlamentares do partido querem ocupar espaços relevantes do Senado, além da presidência. Hoje a legenda já preside a CAE e quer manter o comando do colegiado, dessa vez com Vanderlan Cardoso (GO).

As negociações para ocupar as comissões não estão finalizadas e devem avançar a partir de sexta-feira, quando a Casa já conhecerá o presidente e os demais ocupantes da Mesa Diretora. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) minimizou o cenário de indefinição.

– As comissões só serão resolvidas duas semanas depois da eleição e, se o critério for o da proporcionalidade, não haverá disputa, mas é legítimo que neste momento alguns especulem com as mesmas hipóteses. – declarou.

A ocupação desses espaços será diretamente impactada pela formação de blocos partidários. No início de cada Legislatura, os partidos de unem em blocos exclusivamente para indicar representantes às comissões. 

Na sequência, eles não são obrigados a atuar juntos, de maneira afinada. O PT ainda não definiu se vai entrar no grupo de partidos de centro, com MDB, União Brasil e PSD, ou se vai fazer parte do bloco da esquerda, com PSB e PDT.

Com as mudanças partidárias, PT e MDB, com dez senadores cada, e União Brasil, como nove, terão bancadas com tamanho parecido. As três siglas ficam atrás do PSD e do PL, que terão 14 senadores cada uma. Caso Pacheco seja reeleito, o PL ficará isolado e precisará disputar no voto as comissões com as outras legendas que apoiaram o senador do PSD.

– Defendo o bloco formado pelo MDB, União Brasil, PSD e PT. Podemos ter outro bloco formado por PSB, PDT e outros – declarou Renan, que, no entanto, deixa claro que o PT não definiu em qual grupo entrará.

Por outro lado, a comissão mais cobiçada já tem um acordo encaminhado. Pelo desenho traçado por aliados de Pacheco, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), parada obrigatória de quase todas as principais iniciativas legislativas, continuará nas mãos de Davi Alcolumbre (União-AP).

Por conta disso, o senador já acertou que vai deixar de ser líder da legenda e vai entregar o cargo para o senador eleito Efraim Filho (PB). Alcolumbre é ex-presidente do Senado e foi quem articulou a eleição vitoriosa de Pacheco em 2021. O senador do União tenta voltar ao comando da Casa em 2025.

Pelo acordo que pretende reeleger Pacheco, a nova Mesa Diretora deverá ser composta por Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), que deve se manter na primeira vice-presidência, Professora Dorinha (União-TO) como segunda vice-presidente, Rogério Carvalho na primeira-secretaria e PSB e PDT na segunda e terceira secretarias.

A senadora Eliziane Gama (MA) tenta ser candidata a primeira vice-presidente, mas o PSD, seu novo partido, está no processo de convencê-la a desistir. Apesar da tentativa de acordo para Dorinha na segunda vice, o senador Rodrigo Cunha (União-AL) também pediu ao partido um espaço na Mesa. A legenda ainda busca uma forma de conciliar o interesse dos dois.


Fonte: O GLOBO