O presidente americano anunciou a demissão de Erika McEntarfer, chefe do BLS, afirmando que era necessário ter dados de emprego precisos. /// Reprodução/X

Porto Velho, Rondônia - Um novo relatório do Escritório de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Statistics – BLS) dos Estados Unidos revelou, na sexta-feira, 1 de agosto, que a economia dos Estados Unidos gerou apenas 73 mil novos postos de trabalho em julho.

Além disso, os dados para os meses de maio e junho foram revisados para baixo, totalizando menos de 20 mil novas contratações. Em contraste, no mesmo mês do ano anterior, o BLS reportou um crescimento de 144 mil empregos.

Trump rejeitou esses números. Em publicações na plataforma Truth Social, o presidente americano alegou acreditar que os números do emprego foram manipulados para prejudicar os republicanos e ele próprio.

Demissão de Erika McEntarfer

O presidente americano anunciou também a demissão de Erika McEntarfer, chefe do BLS, afirmando que era necessário ter dados de emprego precisos.

Erika McEntarfer ocupou posições importantes como funcionária pública ao longo de mais de duas décadas e foi nomeada por Biden para liderar o BLS em janeiro de 2020.

Sua confirmação no Senado foi expressiva, obtendo 86 votos a favor e apenas 8 contra. Entre os apoiadores estavam figuras republicanas proeminentes como o atual Secretário de Estado Marco Rubio e o Vice-presidente J. D. Vance.

A demissão de McEntarfer foi criticada por seu predecessor, Bill Beach, que ocupou o cargo durante a administração Trump.

Repercussão da demissão

Ele descreveu a decisão como “totalmente infundada” e alertou sobre os perigos dessa ação, que poderia comprometer a integridade do escritório estatístico.

Beach argumentou que a manipulação dos dados era inviável, já que as informações são preparadas pela equipe e apresentadas à liderança apenas dois dias antes da divulgação.

Dan Koh, ex-assessor da administração Biden, expressou preocupação sobre quem Trump escolheria como sucessor. Ele questionou se seria alguém disposto a alterar os números para favorecer o presidente.

A ex-secretária do Tesouro Janet Yellen também criticou duramente a demissão de McEntarfer. Em entrevista ao “New York Times”, ela comentou que tal atitude é típica de regimes autocráticos.

Yellen enfatizou que esse tipo de ação mina as democracias, um ponto apoiado por Larry Summers, ex-secretário do Tesouro sob Bill Clinton, que observou que o comportamento de Trump supera qualquer ato cometido por Richard Nixon durante o escândalo Watergate.

Apesar das críticas, assessores e ministros de Trump defenderam sua decisão. Kevin Hassett, conselheiro econômico do presidente, afirmou à NBC News que é necessário trazer “novas perspectivas” ao BLS devido a padrões questionáveis nos dados.

A secretária do Trabalho Lori Chavez-DeRemer endossou a demissão para restaurar a confiança nas informações estatísticas junto ao povo americano.

Repercussão no Congresso

No Congresso, alguns republicanos também se mostraram céticos em relação à demissão. A senadora Cynthia Lummis sugeriu que se as estatísticas estivessem erradas, o governo deveria explicar os motivos ao público; contudo, ela considerou a demissão precipitada.

O senador Rand Paul ponderou em uma entrevista que simplesmente demitir funcionários não melhora os números apresentados.

A senadora Lisa Murkowski teve uma opinião um pouco diferente ao afirmar que as pessoas perderão ainda mais confiança nos dados do BLS após essa demissão.

O senador democrata Alex Padilla pediu uma investigação parlamentar sobre a demissão; no entanto, dada a maioria republicana na Câmara e no Senado, tal investigação parece improvável neste momento.

Outras demissões

Desde o início de seu segundo mandato, Trump já efetuou outras demissões controversas, incluindo a do chefe do Estado-Maior Conjunto indicado por Biden e também forçando a saída do diretor do FBI Christopher Wray antes que ele pudesse ser dispensado.

Fonte: O ANTAGONISTA