Em ao menos duas cidades vistas como prioritárias — Rio de Janeiro e Recife —, as chances de a sigla ocupar o posto ao lado dos prefeitos Eduardo Paes e João Campos são baixas

Porto Velho, Rondônia - Depois de ter renunciado a lançar cabeças de chapa, o que deve levar o partido a registrar o menor número de candidatos em capitais dos últimos 32 anos, o PT tem enfrentado impasses para emplacar vices nas eleições municipais deste ano. Em ao menos duas capitais vistas como prioritárias — Rio de Janeiro e Recife —, as chances de a sigla ocupar o posto ao lado dos prefeitos Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB) são baixas, apesar dos esforços de petistas locais para indicar os nomes. 

Em João Pessoa, a sigla foi preterida pelo prefeito Cícero Lucena (PP), o que levou o PT a mudar os planos e decidir lançar candidatura própria. Em São Luís, o partido ainda batalha para ficar com a vaga na chapa do deputado federal Duarte Junior (PSB).

Os obstáculos enfrentados na capital de Pernambuco e do Rio são atribuídas por lideranças petistas às conjunturas locais.

— Já apresentamos as justificativas. Achamos que é fundamental que o PT tenha a vice e isso, inclusive, fortalece as chapas. Ainda estamos em um processo de discussão, não dá para a gente dizer se vai ou não vai acontecer. No que depender da nossa perseverança e da justiça, que seria o PT estar nas chapas, nós continuamos fazendo esse debate — afirma o senador Humberto Costa (PT-PE), coordenador do grupo de trabalho eleitoral do partido, responsável por organizar as candidaturas pelo Brasil.

O partido nas capitais — Foto: Editoria de Arte

Pedro Paulo na frente

No Rio, contudo, a avaliação do grupo de Paes é que uma chapa ao lado de um petista poderia dificultar a busca do eleitor de centro, já que o principal adversário na disputa deve ser o deputado bolsonarista Alexandre Ramagem (PL). Também de olho numa provável candidatura a governador em 2026, o prefeito planeja colocar ao seu lado o deputado Pedro Paulo (PSD), um dos seus principais aliados. Caso Paes renuncie à prefeitura para disputar o governo do Rio, o parlamentar assumiria o comando da cidade.

No começo de junho, o petista André Ceciliano deixou a Secretaria de Assuntos Federativos da Secretaria de Assuntos Institucionais (SRI) da Presidência para ficar disponível para a possibilidade de ocupar o posto de vice. A saída do governo era uma exigência da legislação eleitoral. Mesmo assim, ele não deve ser o escolhido do prefeito.

O cenário é parecido na capital pernambucana, onde João Campos deve emplacar Victor Marques, seu ex-chefe de gabinete, como vice. Marques se filiou este ano ao PCdoB, que faz parte da federação formada por PT e PV. Lula também irá a Recife na próxima semana e a expectativa dos aliados de Campos é que ele e o presidente tenham uma conversa definitiva. Lideranças do PT acreditam, porém, que o presidente deve chamar o prefeito a Brasília para definir a chapa.

O partido de Lula quer emplacar Mozart Sales, atual assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais, como vice de João Campos. Na quinta e sexta-feira, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, esteve na capital pernambucana.

Em João Pessoa, o PT decidiu lançar candidatura própria porque, entre outros motivos, não emplacou o vice de Cícero Lucena. O atual prefeito quer priorizar outros aliados locais para sua tentativa de reeleição e acabou preterindo os petistas, que avaliam lançar o ex-prefeito Luciano Cartaxo.

Na cidade há uma intensa disputa interna no partido. A divisão chega ao ponto de o presidente do PT na Paraíba, Jackson Macedo, divergir da posição de candidatura própria. Mesmo assim, o PT em âmbito nacional mantém a intenção de concorrer este ano.

A direção nacional deverá confirmar hoje o apoio a Cartaxo como pré-candidato. Por outro lado, os outros dois partidos da federação com os petistas, PV e PCdoB, divulgaram nota em que dizem apoiar Lucena.

Quando a prefeitura foi alvo, em maio, de uma operação da Polícia Federal (PF) que apura um esquema de corrupção, a ala do PT favorável à candidatura própria conseguiu se fortalecer e emplacar junto à direção nacional a tese de ter um candidato petista. Ricardo Coutinho (PT), ex-governador da Paraíba, é um dos que é favorável a lançar Cartaxo. Por outro lado, o presidente do PT na Paraíba disse em entrevista à imprensa local que não irá fazer campanha para Cartaxo, embora acate a decisão nacional.

Até agora, a executiva nacional do PT homologou 13 candidaturas próprias do partido em capitais. Em seis, foram definidos apoios a cabeças de chapa de legendas aliadas. Dessas, em pelo menos duas, o partido ficará com a vice. Em São Paulo, Marta Suplicy (PT) vai compor a chapa com Guilherme Boulos (PSOL). Em Salvador, Fabya Reis será a vice de Geraldo Junior (MDB). Ainda falta o crivo da direção nacional paras as candidaturas em sete capitais.

Sem acordo em São Luís

Em São Luís, o partido ainda disputa para ficar com a vaga na chapa de Duarte Junior, mas também não há um acordo por causa das costuras locais. Estão na briga pelo posto o deputado estadual Zé Inácio e a ex-diretora do Instituto Estadual do Maranhão (Iema) Cricielle Muniz.

Humberto Costa diz que há “mais ou menos consenso” para o PT ficar com a vice na capital maranhense, mas o problema no momento é definir o nome que vai compor a chapa.

Na disputa da capital do Maranhão, o PT chegou a enfrentar a concorrência do PP e do MDB pela indicação do vice do deputado. O MDB apresentou o nome de Mariana Brandão (MDB), sobrinha do governador Carlos Brandão (PSB), mas não houve consenso, e o partido agora irá apoiar a reeleição do prefeito Eduardo Braide (PSD). Já o PP, do ministro dos Esportes, André Fufuca, já decidiu que irá apoiar o nome que será apresentado pelo PT.


Fonte; O GLOBO