Há divergências entre Bolsonaro e o presidente do PL sobre pré-candidaturas principalmente em São Paulo
Há exemplos de disputas entre esses dois grupos em cidades como Guarulhos, Americana, São Sebastião e Ilhabela.
A ala próxima de Bolsonaro dentro do PL vê também, além de Valdemar, a influência do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, André do Prado (PL), nas definições do partido para a disputa em 2024. Para conseguir apoio para se eleger chefe do Poder Legislativo paulista, Prado fechou acordos com as bases eleitorais de deputados estaduais, o que diluiu a influência do bolsonarismo no partido.
O entendimento é que Valdemar deseja constranger Bolsonaro com a resolução. De acordo com relatos de aliados do ex-presidente, Bolsonaro chegou a avisar que não vai apoiar todos os pré-candidatos definidos pelo PL e que, por isso, o presidente do PL teria reagido com a decisão.
Ex-ministro do Meio Ambiente, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) respondeu de forma indireta à resolução de Valdemar e declarou nas redes sociais: "Faço campanha para quem eu quiser".
Em Americana, por exemplo, o PL filiou em março o prefeito Chico Sardelli, que saiu do PV. O ato de filiação contou com a presença do próprio Bolsonaro e do presidente da Assembleia Legislativa. Apesar disso, alguns integrantes do PL chegaram a reclamar de Sardelli para Bolsonaro. Em 2022 o prefeito apoiou Rodrigo Garcia (PSDB) contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no primeiro turno e só foi apoiar Tarcísio e Bolsonaro no segundo turno.
Por sua vez, em Guarulhos, Bolsonaro caminha para apoiar o deputado estadual Jorge Xerife do Consumidor (Republicanos), ao passo que o PL já lançou Lucas Sanches como pré-candidato. O nome do PL na cidade é alvo de críticas por parte de bolsonaristas por já ter integrado o Movimento Brasil Livre (MBL).
No final do ano passado, Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência na gestão de Bolsonaro, tornou pública a insatisfação:
"Tem um “J E N I O” de Guarulhos que xingava e desprezava o Pr (ex-presidente Bolsonaro) e agora quer o apoio dele para a eleição lá!?! É isso mesmo? Não pode ser. Ninguém faz a mínima lição de casa? Ninguém pesquisa nada? Não rola. Vou manobrar contra", declarou.
Nas cidades paulistas de Ilhabela o PL lançou a pré-candidatura de Toninho Colucci, atual prefeito da cidade, mas Bolsonaro tem simpatia por Diana Matarazzo (Podemos). O mesmo se repete em São Sebastião, onde Reinaldinho Moreira, do PL, não agrada aos bolsonaristas, que preferem Wagner Teixeira (União Brasil).
Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, a divisão no partido fez o PL da cidade recuar da pré-candidatura de Rafael Tavares a prefeito por não ser considerado comprometido o suficiente com o bolsonarismo. Agora, a sigla trabalha com o nome de Tenente Portela. Mesmo assim, há ainda um apelo da senadora Tereza Cristina (PP-MS) para que Bolsonaro convença o PL a abrir mão da candidatura para apoiar a atual prefeita Adriane Lopes (PP).
Por conta da decisão de proibir expressamente que filiados apoiem adversários de pré-candidatos do PL, Valdemar foi procurado por uma parte dos deputados bolsonaristas e teve uma conversa sobre as eleições de 2024 em seu escritório em São Paulo na manhã desta segunda-feira.
Uma ala do partido, mesmo considerando um erro o apoio da cúpula da legenda a candidatos sem identificação com Bolsonaro, entende que o PL está em uma espécie de transição, que passou por uma expansão rápida, com a vinda de muitos quadros e que é preciso paciência para chegar a entendimentos sem rupturas.
Esse grupo também observa que não é o ideal repetir a disputa vivida por bolsonaristas quando eram filiados ao PSL. Há nessa ala uma disposição para neutralidade em casos em que haja bola dividida. A ideia é não apoiar publicamente candidatos que serão adversários do PL, mas, ao mesmo tempo, eles também não querem ser obrigados a fazer campanha para filiados que, na visão deles, não sejam bolsonaristas o suficiente.
Fonte: O GLOBO
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