Os agentes policiais da força-tarefa dedicada à captura de dois detentos que fugiram da penitenciária de segurança máxima de Mossoró (RN) conseguiram nesta terça-feira uma nova pista relevante após dias de cansaço e desânimo.

Segundo relatos obtidos pela equipe da coluna, dois cães farejadores identificaram o cheiro dos fugitivos na zona rural de Baraúna (RN), município localizado a 35 quilômetros de Mossoró.

No caso, o cheiro foi detectado pelos cães em um morador de Baraúna, que foi interrogado pelos policiais do Rio Grande do Norte.

O homem, na faixa de 30-40 anos, negou ter tido qualquer comunicação com os fugitivos, mas para os investigadores o comportamento dos cães – que ficaram agitados e pularam sobre o suspeito – revela que não só houve o contato, como foi recente.

Após o episódio, as buscas na região foram intensificadas.

Rogério da Silva Mendonça, chamado de Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, conhecido como Deisinho ou Tatu, escaparam no dia 14 de fevereiro do presídio de segurança máxima de Mossoró. Os dois são acusados de terem ligação com a facção criminosa Comando Vermelho.

Mais de um mês após a fuga dos detentos, uma das apostas da força-tarefa agora é no trabalho de cães farejadores com atuação reconhecida em seus estados.

Sete cães já trabalhavam junto à força-tarefa e auxiliam nas buscas, mas a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) solicitou nos últimos dias mais 12 cães de faro aos estados do Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Maranhão e Ceará, além da própria polícia penal do Rio Grande do Norte.

Policiais envolvidos na operação relatam que, além das 400 cavernas que existem na região, a força-tarefa de 500 agentes têm lidado com obstáculos como as fortes chuvas na região, que tem apagado rastros deixados pela dupla e dificulta o deslocamento das equipes para áreas mais isoladas só acessíveis por estradas de terra.

A primeira fuga do complexo penitenciário federal, criado em 2006 para abrigar presos de alta periculosidade, também gerou a primeira crise da gestão do ministro Ricardo Lewandowski, que assumiu o comando da pasta em 1º de fevereiro – e justamente na segurança pública, em uma das áreas mais sensíveis do governo Lula.

Essa é uma das mais longas caçadas a um fugitivo na história do país. Já superou o tempo levado na busca do assassino Lázaro Barbosa, que matou quatro pessoas de uma família de Ceilândia, no Distrito Federal, e era procurado também por crimes de roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo.


Fonte: O GLOBO