Ex-governador do Paraná esteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira para selar filiação, mas voltou atrás após tucanos falarem que não iriam liberar desfiliação

O ex-governador do Paraná e deputado federal, Beto Richa, voltou atrás na noite desta quinta-feira e desistiu de migrar para o PL. A decisão de ficar no PSDB ocorre após a reação da direção tucana que, em reunião na quarta-feira, determinou que não iria conceder uma carta de anuência ao parlamentar. Ou seja, ao deixar a sigla, perderia seu mandato no Congresso Nacional.

Em pronunciamento oficial, Beto Richa relatou que no dia da reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro havia sonhado com o seu pai, o também ex-governador do Paraná José Richa, e pensou se tratar de um sinal: "A inércia é inimiga da política", detalhou.

Ao procurar o PSDB, no entanto, Richa diz que a reação foi "impactante"e afirma ter recebido apelos para não deixar o quadro. "Uma semana antes o partido havia dado uma carta de anuência ao deputado Carlos Sampaio, para sair do PSDB sem o risco de perder o mandato. Mas no meu caso foi diferente. Recebi apelos para permanecer no PSDB. Fui lembrado das batalhas políticas e eleitorais que juntos enfrentamos nas últimas décadas", disse o ex-governador.

Neste contexto, o deputado afirma ter priorizado seu compromisso com os tucanos. "Ao adotar essa postura, o PSDB pratica a boa política, que faz uso de argumentos para o exercício de convencimentos", defendeu, por fim.

Movimentação em Curitiba

A reunião entre Bolsonaro e Beto Richa movimentou o tabuleiro em Curitiba. Isto porquê uma possível migração do ex-governador colocaria em xeque a candidatura de Paulo Martins, segundo colocado ao Senado Federal em 2022.

Após o anúncio de que Richa estaria cogitando ir para o PL, Martins anunciou que havia deixado a presidência da executiva:

“Amigos, comunico a vocês que decidi deixar a presidência da executiva do PL de Curitiba. Agradeço à direção nacional e estadual pela confiança e também a todos os militantes que colaboraram até então. Que Deus abençoe o Brasil”, disse Martins.

O ex-presidente do diretório também se colocou, novamente, à disposição para concorrer à prefeitura pelo partido.

Com a repercussão do episódio, Barros gravou um vídeo em que declarou apoio à pré-candidatura de Martins e disse ter apenas cumprido uma “missão de Bolsonaro”.

— Eu recebi uma missão de trazer para ele todos os pré-candidatos a prefeito de Curitiba que fossem antipetistas e pudessem caminhar junto ao presidente Bolsonaro (...). Depois da manifestação do meu amigo Paulo Martins deixo aqui registrado o meu apoio à sua pré-candidatura — disse Barros.

O Partido Novo chegou a fazer um convite a Martins, segundo O GLOBO apurou, para ser vice na chapa do deputado federal cassado e ex-procurador da Lava-Jato Deltan Dallagnol. O partido tinha o intuito de explorar acusações contra Richa, que foi preso três vezes, investigado por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Segundo aliados, Dallagnol se refere a ele como “o Lula do Paraná”. Richa teve uma condenação da Lava-Jato anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por “incontestável quadro de conluio processual”.


Fonte: O GLOBO