Jornal Corriere della Sera revelou bastidores da transferência de heptacampeão para escuderia italiana
O piloto britânico Lewis Hamilton, heptacampeão mundial, vai competir pela Ferrari em 2025, depois de 12 temporadas na Mercedes, anunciou nesta quinta-feira a equipe italiana. Em agosto, Hamilton, de 39 anos, havia renovado até o final de 2025 com a Mercedes, para a qual se transferiu em 2013, mas tinha uma cláusula para deixar a equipe alemã no final da temporada de 2024.
"Foi a decisão mais difícil da minha vida, mas senti que havia chegado o momento certo para dar esse passo, e eu estou entusiasmado com este novo desafio", afirmou o piloto, ao confirmar a transferência.
A cláusula de rompimento antecipado do contrato com a Mercedes foi a "chave" para a aposta de Hamilton em meio ao sonho de conquistar o oitavo título na modalidade, afirmou o jornal Corriere della Sera, que revelou os bastidores das negociações.
Segundo o diário italiano, "tinha que ser uma negociação supersecreta". Com isso, "uma cortina de fumaça se levantou em torno do fracasso em estender o contrato de Carlos Sainz para além de 2024". Isso, ainda de acordo com o Corriere della Sera, apenas para despistar os contatos com Hamilton. Com a nova contratação, a escuderia não vai mais contar com o piloto espanhol a partir de 2025.
Como uma negociação deste tamanho envolve vários profissionais, o "supersegredo" vazou, o que "enfureceu" o chefe da Mercedes, Toto Wolff, "que até poucos dias atrás desconhecia a operação", revelou o jornal. Wolff teve de explicar o adeus de Hamilton aos seus funcionários, remotamente, numa reunião de emergência.
O Corriere della Sera destaca que, "muito provavelmente", o movimento decisivo para contratar Hamilton partiu de John Elkann, que está à frente da montadora Stellantis e da holding Exor, acionista majoritária da escuderia italiana.
"Sua sincera admiração pelo heptacampeão mundial, sua crença de que pode representar a Ferrari na pista e nos demais projetos com a mesma eficácia, a começar pela coleção de moda. Vasseur se encarregou de finalizar os detalhes após apurar o interesse de Lewis", diz o jornal, em referência a Frédéric Vasseur, atual chefe da equipe de Fórmula 1.
Hamilton ainda ficará na Mercedes até o final da temporada de 2024. Por que a troca de pilotos não ocorre instantaneamente? Segundo o jornal italiano, pelas penalidades a serem pagas em caso de rescisão e pelos segredos técnicos que cada piloto levaria consigo.
Qual vai ser o salário de Hamilton na Ferrari?
Com a confirmação da transferência, cresceu a especulação sobre quanto Hamilton vai receber de salário da escuderia.
"A Scuderia Ferrari tem o prazer de anunciar que Lewis Hamilton se juntará à equipe em 2025, com um contrato de várias temporadas", disse a lendária equipe em um comunicado. O piloto monegasco Charles Leclerc renovou há uma semana seu contrato com a Ferrari por "várias temporadas" e será colega de equipe do astro britânico.
Ao falar sobre a decisão de ir à Ferrari, o britânico explicou que buscava um "novo desafio". Os valores da negociação não foram detalhados.
Principal jornalista da BBC sobre a modalidade, Andrew Benson destacou que poucos pilotos conseguem resistir a um convite da mais famosa escuderia e apontou que o dinheiro pode ter desempenhado um papel relevante nesta equação.
"Sem dúvida a contratação de Hamilton pela Ferrari será estratosférica. Ele havia perdido seu status de piloto mais bem pago da F1 após o novo acordo que garantiu Max Verstappen na Red Bull até 2027, que vale algo entre 50 milhões e 70 milhões de euros (R$ 267 milhões a R$ 373 milhões) por ano", destacou Benson.
Na imprensa internacional, circulam relatos de que o salário de Hamilton será de pelo menos 40 milhões de euros (R$ 213 milhões, ao ano). O MailSport afirma que a Ferrari ofereceu este montante para Hamilton, de 39 anos, mesmo valor pelo qual teria estendido o contrato de Charles Leclerc, de 26 anos.
O site britânico diz que o piloto compatriota ganhava 50 milhões de euros na Mercedes. Andrew Benson, da BBC, pondera que Hamilton pode ter considerado que a oferta da Ferrari era de um contrato mais longo do que o oferecido pela Mercedes, o que lhe garantiria "longevidade" na F1.
"Hamilton já tem muito mais dinheiro do que poderia precisar, e ele comandaria um carro em uma equipe de ponta enquanto continuar a entregar o mais alto nível e quiser permanecer na F1", afirma Benson.
Quanto ganham os pilotos de Fórmula 1?
O universo da Fórmula 1 impressiona pelo espetáculo que dá aos finais de semana. A Forbes, revista especializada em economia e finanças, publicou em setembro uma lista completa dos salários dos pilotos.
Vários contratos estão em negociação, o que envolve possíveis aumentos de ganhos para os pilotos ou troca-troca de escuderias. No entanto, a lista da Forbes traça um panorama sobre os rendimentos na modalidade. Nessa lista, algumas particularidades se destacam, como a diferença que Max Verstappen tinha, na ocasião, sobre os demais pilotos.
A estrela da Red Bull (ganhando US$ 55 milhões, ou R$ 271 milhões), cujo contrato expira em 2028, encabeça a lista, seguida pelo heptacampeão, então piloto da Mercedes. A Forbes estimou que Hamilton recebida US$ 35 milhões (R$ 172 milhões), embora outros veículos de imprensa, como o MailSport, apontem uma soma de 50 milhões de euros (R$ 267 milhões).
Em terceiro, vem o futuro companheiro de escuderia de Hamilton, Charles Leclerc, que ganhava US$ 24 milhões (R$ 118 milhões), segundo a Forbes, mas também teve o salário aumentado recentemente.
Segundo estimativas da Forbes, o rendimento dos pilotos em 2023 aumentara 25% a mais em relação à temporada anterior. Neste contexto, destacou-se a posição de Lando Norris, o jovem piloto da McLaren de 23 anos, que supera Carlos Sainz (então na Ferrari), Checo Pérez (Red Bull), George Russell (Mercedes) e Fernando Alonso (Aston Martin) em ganhos com salário.
O espanhol, bicampeão mundial, ganha menos que Esteban Ocon (Alpine) e tem rendimentos idênticos aos de Pierre Gasly (Alpine) e Kevin Magnussen (Hass). É ainda mais estranho ver Alonso com uma renda de 5 milhões de dólares na Aston Martin, quando seu salário chegou a 33 milhões na McLaren, enquanto na Alpine embolsou 27 milhões.
Salários do grid da Fórmula 1 em 2023
- Max Verstappen (Red Bull): US$ 55 milhões
- Lewis Hamilton (Mercedes): US$ 35 milhões - ou US$ 50 milhões, segundo MailSport
- Charles Leclerc (Ferrari): US$ 24 milhões - ou 40 milhões de euros, no novo contrato
- Lando Norris (McLaren): US$ 20 milhões
- Carlos Sainz (Ferrari): 12 milhões de dólares
- Checo Pérez (Red Bull): 10 milhões de dólares
- Valtteri Bottas (Alfa Romeo): 10 milhões de dólares
- George Russell (Mercedes): US$ 8 milhões
- Esteban Ocon (Alpino): 6 milhões de dólares
- Fernando Alonso (Aston Martin): 5 milhões de dólares
- Pierre Gasly (Alpine): US$ 5 milhões
- Kevin Magnussen (Haas): US$ 5 milhões
- Alex Albon (Williams): US$ 3 milhões
- Lance Stroll (Aston Martin): US$ 2 milhões
- Nico Hülkenberg (Haas): US$ 2 milhões
- Guanyu Zhou (Alfa Romeo): US$ 2 milhões
- Oscar Piastri (McLaren): US$ 2 milhões
- Yuki Tsunoda (AlphaTauri): US$ 1 milhão
- Daniel Ricciardo (AlphaTauri): US$ 1 milhão
- Logan Sargeant (Williams): US$ 1 milhão
Fonte: O GLOBO
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