Levantamento “Raio-X das Forças de Segurança Pública“ revela que a representação feminina na Polícia Militar é menor do que na Câmara

O percentual de mulheres nas instituições militares na segurança pública é baixo, revela o levantamento Raio-X das Forças de Segurança Pública, lançado na manhã desta terça-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Apenas 12,8% do efetivo das PMs estaduais é composto por mulheres.

Isso significa dizer que a representação feminina é ainda menor do que na Câmara dos Deputados. O problema histórico, em grande medida, reflete a prática do uso do dispositivo de cotas como teto para o ingresso de mulheres.

Ainda segundo o levantamento, o Brasil tem, em média, dois policiais militares para cada mil habitantes. Trata-se de um índice considerado razoável, se comparado com o restante do mundo. Nos Estados Unidos, a proporção média varia de 1,8 a 2,6, como mostra a Associação Internacional de Chefes de Polícia.

Segundo o estudo, o país tinha, em 2023, um efetivo de 786.022 profissionais da segurança pública distribuídos em ao menos 1.623 órgãos federais, estaduais, distritais e municipais. A maior força policial é a PM, com efetivo de 404.874 homens e mulheres. Na sequência, a Polícia Civil, com 95.908 policiais, e a Polícia Penal, com 94.673 pessoas.

Nos últimos dez anos, mostra o levantamento, a Polícia Militar teve uma queda de efetivo de 6,8%. Já as polícias civis e as perícias, de 2%. Em contrapartida, o número de guardas municipais estruturadas cresceu 23,5% entre 2019 e 2022.

Policiais por gênero — Foto: Criação O Globo

Conta não fecha

Para o presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, a forma como a segurança é pensada pelos governos se tornou inviável em termos econômicos, fiscais e previdenciários. Os policiais, revelou o levantamento, custam mais caro que os demais servidores da saúde, da educação, da assistência social e de outras áreas do executivo. A renda média bruta dos profissionais de segurança pública das carreiras do Executivo estadual (policiais civis, militares e penais, bombeiros e peritos) foi de R$ 9.023,79 em 2023. Já as demais carreiras do funcionalismo público ficou em R$ 5.978,31.

Na média nacional, os servidores da ativa da área de segurança pública nos estados respondem por 23% do total, mas seu peso na folha de pagamento é de 31%. A disparidade salarial por patente, no caso da PM, também chama atenção. Em média, um coronel recebe 4,5 vezes mais do que um soldado.

Na média nacional, os servidores da ativa da área de segurança pública nos estados respondem por 23% do total, mas seu peso na folha de pagamento é de 31%. A disparidade salarial por patente, no caso da PM, também chama atenção. Em média, um coronel recebe 4,5 vezes mais do que um soldado.

Ainda assim, o policial no Brasil é mais mal pago do que outros seis países citados no estudo, considerado o critério de paridade de poder de compra. Nos EUA, um policial recebe 39,7% a mais que no Brasil. A maior diferença é entre Brasil e França. Neste último país, um policial recebe US$ 6.216,99, um valor 78% superior à média do que um policial brasileiro ganha.

Lima sinaliza uma possível saída para reduzir o impacto dos salários policiais na folha de pagamento dos estados: colocar civis em cargos mais burocráticos da polícia. Em Nova York, por exemplo, cerca de 30% dos funcionários da polícia são civis, não policiais.


Fonte: O GLOBO