PF fez operação em parceria com as Agências de Segurança dos Estados Unidos; três pessoas foram presas, duas em Goiânia, e uma em São Francisco, na Califórnia

Porto Velho, RO - As mais de 12 mil munições traficadas dos Estados Unidos para o Brasil tinham como destino pessoas com registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), de acordo com a Polícia Federal (PF). A corporação deflagrou nesta quinta-feira uma operação contra o grupo suspeito de adquirir os projéteis em território americano e enviá-los ao país de forma ilegal, em contêineres identificados como "mudança de pessoa física". A ação resultou na prisão de três pessoas: duas em Goiânia, e uma em São Francisco, na Califórnia.

— Em um primeiro momento, essas munições eram encaminhadas para CACs, são os colecionadores, atiradores e caçadores que tinham registro no Exército Brasileiro — afirmou o delegado Regional de Polícia Judiciária, Rodrigo Teixeira. — Essa quantidade de munição é um volume que realmente não condiz com a prática do esporte por eles praticados — acrescentou.

Os investigadores brasileiros tiveram apoio da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations - HSI) e da Agência de Aduanas e Proteção de Fronteiras (Customs and Border Protection - CBP) dos Estados Unidos.

— A partir de agora vamos fazer a análise do material que foi apreendido, imputar a responsabilidade a cada um dos envolvidos, na medida da sua culpabilidade, e procurar quem mais está envolvido com o tráfico e ver qual o destino final dessa quantidade de munições, pode ser que elas teriam um destino diferente daquele que o adquirente (declarou quando) fez a compra — disse o delegado.

Operação Golden Gate

Denominada Golden Gate, a ação teve como alvos uma pessoa residente na cidade americana de São Francisco, na Califórnia, e moradores de Goiânia e Trindade, em Goiás. Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão nas cidades de Goiânia e Trindade. Na ocasião, duas pessoas foram presas em flagrante na capital goiana, ambos são CACs. Eles foram flagrados com posse irregular de armas de fogo.

O investigado residente em São Francisco, nos EUA, é goiano e teve mandado de prisão cumprido em território americano. Ele vivia no exterior há 20 anos e foi apontado pela PF como "responsável pela logística de remessa dos contêineres com munições, dos Estados Unidos para o Brasil".

Os investigados possuem registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Eles tiveram seus registros suspensos e, durante a operação deflagrada hoje, devem ter suas armas de fogo e munições apreendidas. Eles responderão pelos crimes de organização criminosa e de tráfico internacional de munições.

A investigação começou em setembro de 2021, quando a Receita Federal encontrou, no Porto de Santos (SP), um contêiner com as munições. O equipamento de transporte havia sido remetido dos Estados Unidos e tinha como destinatário um morador de Goiânia.

De acordo com a PF, as munições adquiridas nos Estados Unidos estavam acompanhadas de notas fiscais de compra emitidas no país da América do Norte, em nome de moradores de Goiás.

"A partir dessa apreensão, a PF e a HSI identificaram que dezenas de outros contêineres, provenientes dos Estados Unidos, também destinados a moradores de Goiás, adotaram o mesmo padrão de remessa nos meses seguintes", informou a PF.

Conforme a investigação, as munições foram adquiridas legalmente no exterior. No entanto, o envio ocorreu de forma clandestina para o Brasil "em contêineres com conteúdo autodeclarado como “mudança de pessoa física”, sem a prévia autorização do Exército Brasileiro e sem comunicação do transporte às autoridades norte-americanas e brasileiras".

Munições de arma de fogo são produtos controlados e sua importação para o Brasil depende de prévia autorização do Exército Brasileiro. Ao todo, foram apreendidas 15 armas, R$ 12 mil e US$ 61,7 mil.


Fonte: O GLOBO