Produtores rurais protestaram pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira

Os agricultores franceses voltaram a obstruir pelo segundo dia consecutivo, nesta terça-feira, rodovias cruciais na região de Paris e ameaçam bloquear o importante mercado atacadista de Rungis, à espera do anúncio das "novas medidas" em prol dos produtores rurais prometidas pelo governo.

O primeiro-ministro Gabriel Attal deve fazer um discurso sobre política geral no período da tarde, no qual são aguardados novos anúncios para tentar reduzir a ira dos trabalhadores rurais da terceira maior potência agrícola europeia e sexta do planeta.

— Vamos assistir o discurso (...) mas há poucas possibilidades de saia alguma coisa — declarou à AFP Yohan François, do sindicato FDSEA, que elogiou a determinação dos agricultores para uma resistência de longo prazo.

A bordo de tratores, os agricultores iniciaram na segunda-feira um "cerco da capital com duração ilimitada", convocado pela maior central agropecuária do país, a FNSEA, e seus aliados do grupo Jovens Agricultores (JA), após 11 dias de protestos.

Agricultores enforcam boneco com foto de Emmanuel Macron — Foto: Emmanuel Dunand/AFP

— Foi uma noite curta, precisamos nos recuperar, mas estamos preparados — afirmou Samuel Vandaele, um trabalhador rural que estava debaixo de uma ponte na rodovia A4, 30 quilômetros ao leste de Paris.

Os agricultores que passaram a noite no local aguardam a chegada de mais de 100 colegas procedentes do noroeste da França. Eles contam com barracas, braseiros, geradores, cerveja e garrafas térmicas de café.

No início da manhã foram registrados mais de 100 quilômetros de engarrafamentos na região de Paris, segundo o site Sytadin.

Do sul do país também avança um comboio de 200 tratores, que saiu na segunda-feira de Agen com destino ao mercado atacadista de Rungis, um dos maiores do mundo, com o objetivo de bloquear o local após a convocação do sindicato Coordenação Rural.

As autoridades mobilizaram um grande dispositivo das forças de segurança para impedir a ação, que não tem unanimidade dentro do movimento agrário. "Nosso objetivo não é matar os franceses de fome", alertou o líder da FNSEA, Arnaud Rousseau.

O setor exige medidas para solucionar a queda das receitas, as aposentadorias baixas, a burocracia administrativa, a inflação das normas ambientais e a concorrência estrangeira, em particular o acordo negociado entre UE e Mercosul.


Fonte: O GLOBO