Juiz determinou em setembro que agentes parassem de usar cordas ou instrumentos semelhantes para deter pessoas no estado após caso de suspeito de furtar chocolates

Um homem teve as mãos e os pés amarrados durante uma abordagem da Polícia Militar de São Paulo. Testemunhas presenciaram a cena, que ocorreu na rua Santo Amaro, no Centro da capital paulista, na tarde desta quinta-feira (30). Uma delas contou ao jornal "Folha de S. Paulo" que o homem detido teria assediado uma mulher na rua.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que o homem detido é suspeito de importunação sexual. Ele foi levado a uma Delegacia de Defesa da Mulher para registro da ocorrência. A pasta destacou que as circunstâncias da abordagem e as imagens do caso estão sob apuração.

Ainda de acordo com as testemunhas ouvidas pelo jornal, um homem e duas mulheres teriam se envolvido numa discussão, e uma delas teria feito ofensas racistas contra ele. A ouvidoria da corporação afirmou à "Folha", em nota, que soube do caso por meio de vídeos e fotos e acionou a Corregedoria para solicitar uma investigação.

As imagens do caso foram publicadas no X, antigo Twitter, por Pedro Madeira, da Mídia Ninja. O vídeo mostra pelo menos três PMs na abordagem. O suspeito é colocado no porta-malas da viatura policial e, depois, aparece no chão da rua, com as mãos e os pés amarrados juntos. "Não pode bater, não", afirma uma testemunha, enquanto mulheres discutem. Uma delas chama a outra de "racista".

Em junho, uma abordagem semelhante causou indignação entre grupos de defesa dos direitos humanos e gerou críticas da própria Polícia Militar. Na ocasião, um suspeito de furtar chocolates de um supermercado de Vila Mariana, na Zona Sul da capital, teve as mãos e os pés amarrados por agentes ao ser detido. A PM lamentou a conduta, abriu inquérito e determinou o afastamento dos PMs envolvidos.

Em setembro deste ano, após a repercussão do caso, a Justiça de São Paulo determinou, em decisão de caráter provisório no âmbito de uma ação civil pública, que a PM do estado parasse de usar cordas, fios e objetos semelhantes para deter pessoas. Exigiu, ainda, a instalação de câmeras nas fardas e nas viaturas da corporação.


Fonte: O GLOBO