Com a chegada do verão, saiba também até quando vai o calor extremo no país

O verão só começa nesta semana e promete clima abafado em todas as regiões do país até 20 de março. Mas, em 2023, o brasileiro já conviveu com pelo menos nove ondas de calor, segundo o Inmet. As primeiras foram entre janeiro e março, com temperaturas em torno de 40,7 °C.

Em agosto, foram emitidos alertas de “Grande Perigo” e “Perigo” para o Centro-Oeste e o Nordeste do país, entre os dias 22 e 28. Em setembro, uma onda de calor intensa começou no dia 18 no Centro-Oeste e se deslocou o Nordeste no dia 24, que gerou temperaturas acima de 40 °C nas regiões. Em outubro, duas ondas de calor assolaram os brasileiros, com temperatura máxima de 44,3 °C em Cuiabá (MT).

O mês de novembro foi marcado pelas altas temperaturas com o início de uma onda de calor no dia 08 e o fim no dia 19 que, inclusive abarcou o recorde da maior temperatura na história do Brasil. Em dezembro, as altas temperaturas também não deram trégua aos brasileiros, com outra onda de calor — a nona — que elevou as temperaturas e fez o Inmet emitir alerta de perigo.

Nesta última, os estados mais afetados foram Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. A situação tinha expectativa de atingir cerca de 3.352 municípios brasileiros.

A onda de calor é caracterizada por uma sequência de dias em que as temperaturas em uma região, relativamente ampla, fica muito acima da média que seria normal para uma determinada época. Para caracterizar o fenômeno, o Climatempo segue os parâmetros da Organização Meteorológica Mundial: de 5 graus ou mais acima da média por no mínimo cinco dias.

'Capital infernal'

Com recorde de 44,2°C, Cuiabá (MT) segue como a capital com o maior índice de temperatura do país. Isso porque os cuiabanos têm vivido dias com os termômetros acima dos 40°C e com umidade do ar mínima que pode chegar a 20%. Capital de Mato Grosso, Cuiabá foi fundada após o avanço dos bandeirantes paulistas, entre 1673 e 1682. Mas só depois da Guerra do Paraguai é que o município voltou a crescer, com a produção de cana-de-açúcar e extrativismo.

O clima da cidade é tropical e úmido, mas a capital mato-grossense passa boa parte do ano convivendo com massas de ar seco que estacionam sobre a região central do Brasil. A temperatura média no município gira em torno dos 26 °C, mas nos meses mais quentes é frequente os termômetros superarem os 40 °C.

Aspecto da mancha urbana e áreas vegetadas de Cuiabá — Foto: HUGO VILELA LEMOS FERREIRA em "A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO E A ESTRUTURA TÉRMICA DA CIDADE DE CUIABÁ-MT" / UFMT

Para além dos efeitos naturais e geográficos, Cuiabá passou a sofrer com as ilhas de calor. De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a alta densidade de construções e a ausência de áreas verdes no centro são um dos principais fatores que contribuem para o surgimento desses bolsões de calor.

Veja qual é a cidade mais quente do Brasil

Araçuaí é uma cidade do Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais — Foto: Reprodução

O município de Araçuaí (MG), distante 593 km de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha, alcançou, em novembro deste ano, a marca do dia mais quente registrado na história do Brasil. A cidade alcançou a temperatura de 44,8°C, a mesma que Nova Maringá (MT) bateu nos dias 4 e 5 de novembro de 2020. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Um aquecimento pré-frontal intensificou o calor no Nordeste de Minas Gerais, o que favoreceu as marcas das temperaturas mais altas.

Quando o calor vai passar?

Segundo Andrea Ramos, o que vai reduzir a sensação térmica de calor extremo são as incursões dos sistemas frontais, que proporcionam chuva. Porém, há a possibilidade das temperaturas altas persistirem até o próximo outono.

O El Niño entrou no seu pico em outubro, e deve persistir até fevereiro. O fenômeno só começa a perder força a partir de abril, com uma redução gradual de sua influência.


Fonte: O GLOBO