Os números de pacientes vítimas de AVC só aumentaram nos últimos 10 anos, devido ao descontrole de fatores de risco
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou derrame é a segunda causa de morte geral, e a terceira causa de morte prematura ou incapacidade no mundo. No Brasil, é a segunda causa de morte. Aqui, os números de pacientes vítimas de AVC só aumentaram nos últimos 10 anos, devido ao descontrole de fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, obesidade, tabagismo e sedentarismo.
O tipo mais frequente de AVC é o isquêmico (AVCI), responsável por 75 a 85% dos casos. Felizmente, apesar de não conseguirmos reduzir o número de AVCs nas últimas três décadas, houve uma redução das taxas de mortalidade do AVCI no Brasil e no mundo. E isso deve-se a terem surgido três grandes avanços no manejo da doença, baseados em evidências científicas: a trombólise endovenosa, a trombectomia mecânica e as unidades de AVC.
A trombólise endovenosa é recomendada até 4,5 horas após o início dos sintomas, e quanto mais rápida for iniciada, maior o impacto do tratamento sobre a redução da incapacidade e da morte pela doença. Para a realização de trombólise, são necessários: treinamento de equipe, recursos estruturais que passam pela disponibilidade de avaliação neurológica, tomografia de crânio, exames laboratoriais e monitorização de dados vitais. A trombectomia mecânica está indicada até 24 horas após o início dos sintomas em pacientes com oclusões intracranianas nas artérias carótida interna ou cerebral média.
A trombectomia mecânica é uma das intervenções de maior impacto nessa doença, em pacientes elegíveis para o tratamento. A análise custo-efetividade da trombectomia foi demonstrada em estudos recentes.
Para a sua realização são necessários recursos estruturais de alta qualidade, instituições de referencia treinadas, avaliação neurológica, tomografia de crânio, angiotomografia, exames laboratoriais, serviço de radiologia intervencionista e monitorização de dados vitais.
Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do AVCI Agudo, publicado em dezembro de 2021, a trombectomia é recomendada no âmbito do SUS a pacientes elegíveis até 24 horas após o início dos sintomas. E tivemos a excelente notícia de sua aprovação na Conitec recentemente, o que vai modificar para melhor a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes.
As Unidades de AVC, caracterizadas pelo trabalho integrado de uma equipe multidisciplinar especializada, em área física definida, beneficia a todos os pacientes, independentemente do intervalo entre o início dos sintomas e a admissão no Serviço de Emergência. A cada 100 pacientes internados em Unidades de AVC, comparados a pacientes internados em unidades não especializadas, dois pacientes a mais sobrevivem, seis pacientes a mais deixam de necessitar de cuidados em instituições de longa permanência e seis pacientes a mais ganham independência funcional.
No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a primeira trombólise para o tratamento do AVC isquêmico foi realizada em 1998 e a primeira trombectomia, em 2016. Também em 2016, o hospital foi credenciado como um Centro de Urgência tipo III, passando a contar com 10 leitos de uma Unidade de AVC Integral. Em 2019, foi iniciado o Protocolo Gerenciado de AVC, com monitorização de indicadores de processo e de desfecho clínico. O protocolo tem se destacado por sua contribuição para a melhoria contínua do cuidado a pacientes com AVC.
E o momento para o país é de expansão do atendimento de pacientes com AVCI. Devemos estar todos conectados, a rede de atenção primária com as instituições de alta complexidade, com os sistemas de transporte e com a população para reduzirmos o impacto dessa doença. Com o apoio do Ministério da Saúde, instituições de referência como o Hospital das Clínicas da FMUSP e outras serão a base para capacitar outros centros e liderar essa transformação que nossa sociedade precisa.
Fonte: O GLOBO
As Unidades de AVC, caracterizadas pelo trabalho integrado de uma equipe multidisciplinar especializada, em área física definida, beneficia a todos os pacientes, independentemente do intervalo entre o início dos sintomas e a admissão no Serviço de Emergência. A cada 100 pacientes internados em Unidades de AVC, comparados a pacientes internados em unidades não especializadas, dois pacientes a mais sobrevivem, seis pacientes a mais deixam de necessitar de cuidados em instituições de longa permanência e seis pacientes a mais ganham independência funcional.
No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a primeira trombólise para o tratamento do AVC isquêmico foi realizada em 1998 e a primeira trombectomia, em 2016. Também em 2016, o hospital foi credenciado como um Centro de Urgência tipo III, passando a contar com 10 leitos de uma Unidade de AVC Integral. Em 2019, foi iniciado o Protocolo Gerenciado de AVC, com monitorização de indicadores de processo e de desfecho clínico. O protocolo tem se destacado por sua contribuição para a melhoria contínua do cuidado a pacientes com AVC.
E o momento para o país é de expansão do atendimento de pacientes com AVCI. Devemos estar todos conectados, a rede de atenção primária com as instituições de alta complexidade, com os sistemas de transporte e com a população para reduzirmos o impacto dessa doença. Com o apoio do Ministério da Saúde, instituições de referência como o Hospital das Clínicas da FMUSP e outras serão a base para capacitar outros centros e liderar essa transformação que nossa sociedade precisa.
Fonte: O GLOBO
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