A conclusão veio de uma revisão de 17 estudos chefiada pela Universidade George Washington, nos EUA

A exposição ao chumbo no útero ou durante a primeira infância foi associada a um risco aumentado de envolvimento em comportamento criminoso na idade adulta. De acordo com o estudo, chefiado pela Universidade George Washington, nos EUA, os resultados foram observados tanto no nível populacional mais geral população quanto no nível de pessoas individuais. O elemento químico foi responsável pela morte de 2 milhões de pessoas até 2021, segundo dados da Organização Mundial de Saúde.

Para entender essa correlação, os cientistas fizeram uma revisão sistemática de 17 estudos que abordam as ligações entre a exposição individual ao chumbo e o crime ou outros comportamentos antissociais. Neles, era observada uma variedade de métodos para medir a exposição ao chumbo, utilizando exame de sangue, ossos ou dentes, e abordaram os efeitos da exposição em diferentes idades, inclusive no útero, na primeira infância, na infância posterior, na adolescência ou na idade adulta.

Esta revisão, publicada na revista PLOS Global Public Health, destacou diversas descobertas pelos estudos. Por exemplo, em alguns casos, não foram encontrados vínculos estatísticos entre a exposição ao chumbo na primeira infância e o comportamento delinquente posterior. Um estudo mostrou uma ligação entre exposição a um comportamento antissocial, mas não a cometer crimes.

Ainda assim, vários estudos demonstraram existir ligações entre a exposição ao chumbo na primeira infância e prisões posteriores, incluindo prisões relacionadas a drogas. Dessa forma, a conclusão chegada pelos pesquisadores é de que, compreendido os efeitos biológicos conhecidos do chumbo, a revisão sugere que um indivíduo exposto ao chumbo no útero ou na primeira infância pode ter um risco maior de se envolver em comportamento criminoso quando adulto.

Perigos da exposição ao chumbo

Em 2008 foi proibido no Brasil a utilização de chumbo na fabricação de tintas imobiliárias por conta da variedade de problemas de saúde ligados à ele. São eles: problemas cardíacos, danos nos rins, disfunção do sistema imunológico, problemas reprodutivos e comprometimento do neurodesenvolvimento em crianças.

O elemento químico foi responsável pela morte de 2 milhões de pessoas até 2021, segundo dados do relatório “Impacto na saúde pública dos produtos químicos: fatores conhecidos e desconhecidos” feito pela Organização Mundial de Saúde.

Além disso, é estimado pelo documento que o contato com o elemento químico seja responsável por 21,7 milhões de anos perdidos por incapacidade (anos de vida ajustados por incapacidade), devido aos efeitos de longo prazo na saúde. O chumbo está por trás de pelo menos 30% dos casos de deficiência intelectual idiopática, 4,6% dos acometimentos por doenças cardiovasculares e 3% do surgimento de doenças renais crônicas em todo o mundo.


Fonte: O GLOBO