Dose direcionada para variante XBB.1.5 está em análise na Anvisa e amplia proteção contra linhagens mais recentes do coronavírus

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, da sigla em inglês) aprovou nesta quarta-feira uma nova formulação da vacina da Covid-19 desenvolvida pela Pfizer/BioNTech. A dose é direcionada a uma versão mais recente da cepa Ômicron, a variante XBB.1.5, e busca ampliar a proteção contra as linhagens que circulam no momento.

Em comunicado, a EMA diz que analisou todos os dados disponíveis sobre segurança, eficácia e capacidade de induzir uma resposta imunológica da dose, além de "novos dados laboratoriais que mostram uma forte resposta da vacina adaptada contra a XBB.1.5 e outras sublinhagens".

Como mostrou O GLOBO, a farmacêutica também submeteu à Anvisa um pedido de aprovação do imunizante atualizado no Brasil. A solicitação foi feita no dia 19 de julho. O prazo inicial para análise é de 30 dias, mas costuma ser estendido sempre que a agência pede dados adicionais ao laboratório. A Anvisa confirmou que a dose está em análise, ainda não há previsão para a decisão.

Em nota, a Pfizer disse que "estará abastecida e pronta para distribuir o imunizante atualizado aos países, a depender das decisões regulatórias de cada localidade". Porém, ainda que receba um sinal verde, a dose deve demorar a chegar ao Brasil por depender ainda de acordos para aquisição e da recomendação pelo Ministério da Saúde.

Ainda assim, a vacina atual disponível nos postos de saúde do país, a bivalente, já garante uma alta proteção contra desfechos graves e óbito, reforçaram especialistas na reportagem do GLOBO. Ela tem esse nome pois sua formulação é direcionada a duas versões do coronavírus: a original, descoberta ainda em 2019, e a variante BA.4/5, da Ômicron, que predominava no ano passado.

Agora, ela foi atualizada novamente porque, desde que a Ômicron foi descoberta na África do Sul, no final de 2021, a linhagem tem produzido uma série de versões que, por serem mais transmissíveis e com maior potencial de causar reinfecção, têm substituído umas às outras sucessivamente.

Por isso, o Grupo Consultivo Técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Composição de Vacinas da Covid-19 (TAG-CO-VAC) recomendou, em maio, que a vacina fosse adaptada para a versão XBB da Ômicron, mais recente e predominante. Além disso, orientou que passasse a ser monovalente, direcionada apenas a essa cepa. Isso porque a original de 2019 não circula mais no mundo, logo não precisa estar na composição.

“As sub-linhagens relacionadas à Ômicron XBB estão antigenicamente distantes das cepas anteriores da Ômicron e continuam a ser responsáveis pela grande maioria dos casos de Covid-19 em todo o mundo. A vacina atualizada visa a melhorar ainda mais a proteção contra doenças graves e hospitalização”, afirmou o cientista Ugur Sahin, CEO da BioNTech, sobre a nova dose, em comunicado.

A vacina contra a XBB foi aprovada na Europa como aplicação única para indivíduos com cinco anos ou mais, independentemente do histórico anterior de vacinação contra Covid-19 – ou seja, tanto para aqueles que não foram imunizados ainda, como para os que já receberam até cinco, ou mais, doses anteriores.

A agência também autorizou o imunizante para crianças de 6 meses a 4 anos, mas como parte da série primária de vacinação, que envolve três doses. Ele pode tanto substituir uma das aplicações, como ser utilizado em todas elas, para os que ainda não deram início ao ciclo vacinal.

Para aqueles na faixa etária que já completaram o esquema inicial com as formulações anteriores, a nova vacina é indicada como uma dose única adicional, assim como em crianças e adultos.

Nova vacina protege contra a Eris?

No entanto, mais uma vez, a dose adaptada chegará depois que a subvariante específica englobada na formulação deixou de ser predominante. Nas últimas semanas, a XBB tem perdido espaço para a EG.5 no mundo, conhecida como Eris.

Mas, como a EG.5 é uma descendente da XBB, a expectativa é que a nova vacina também aumente a proteção contra ela. Segundo a Pfizer, estudos indicaram que ela de fato induz uma resposta melhor para a Eris e outras sublinhagens mais recentes da Ômicron.

“Como a Ômicron XBB.1.5 está intimamente relacionada com outras variantes atualmente em circulação, espera-se que a vacina ajude a manter a proteção ideal contra a Covid-19 causada por estas outras variantes”, diz a EMA.


Fonte: O GLOBO