Postos buscam gasolina e diesel, e distribuidoras começam a restringir a oferta. Fontes asseguram, porém, que não há falta
A expectativa de que a Petrobras reajuste os preços dos combustíveis tem levado os postos a uma corrida por diesel e gasolina em todo o país. Como resultado, distribuidoras e a própria Petrobras estão restringindo a oferta com base na cota mensal de consumo das empresas, de acordo com diversas fontes do setor.
Segundo representantes de postos e distribuidoras, a maior restrição é encontrada no diesel e ocorre em todo o país. O cenário levou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) a alertar para o risco de uma possível falta do combustível, sobretudo no interior do estado.
O Minaspetro disse que “irá notificar os órgãos reguladores e reforça o alerta à população sobre o risco de desabastecimento para o diesel.”
A maior demanda também já se reflete no maior preço do diesel russo, que chegou a ser R$ 1 mais barato por litro em relação ao vendido pela estatal. Com mais pedidos, os preços do combustível importado da Rússia já estão quase no mesmo patamar dos comercializados pela estatal, que estão defasados em relação aos internacionais desde meados de maio, segundo a Abicom, que reúne os importadores.
’Pé no freio’
Sergio Araujo, presidente executivo da Abicom, diz que distribuidoras e postos têm relatado dificuldade no abastecimento em diversos pontos:
— E essa dificuldade estava preanunciada. Temos mais de dois meses com defasagem elevada por longos períodos e refinarias nacionais que não atendem à demanda. Isso potencializa esse cenário. Quem importa, coloca o pé no freio.
Segundo fontes, as distribuidoras estão com restrição de entrega em todo o país, em meio ao maior volume de pedidos dos postos, que estão “querendo fazer estoques”. No caso da gasolina, o problema é menos acentuado.
Semana passada, a Petrobras disse que o diesel russo chegou a responder por 80% das importações.
Dados da Abicom apontam que a defasagem da Petrobras no diesel chegou a 30% ontem, maior patamar desde que a estatal anunciou sua nova política de preços, em maio. Para a gasolina, a defasagem é de 26%.
A distância entre os preços da Petrobras no Brasil e os do exterior se amplia com a valorização do petróleo no mundo. Desde o início de julho, o barril do tipo Brent, referência internacional, subiu de US$ 74,90 para cerca de US$ 86.
A nova política de preços da estatal deu fim, em 16 de maio, à chamada política de paridade de importação (PPI), quando variações nas cotações do petróleo e do dólar serviam de parâmetro para reajustes para cima ou para baixo nos valores dos combustíveis vendidos pelas refinarias às distribuidoras.
A estatal passou a levar em conta os custos internos de produção, os preços dos concorrentes em diferentes mercados dentro do país e ainda as parcelas de combustíveis produzidas no país ou compradas no exterior.
Estatal eleva importações
Com a mudança na política de preços da Petrobras, afirma uma fonte, os importadores têm reduzido as atividades de compra de combustíveis, pois o preço do importado está acima do da estatal. Essa fonte ressalta que não há sobra de diesel pois não há muito produto importado, mas não há falta.
Para evitar esse cenário, a estatal vem ampliando as importações. No segundo trimestre, as compras de diesel e gasolina pela Petrobras subiram 32,9% e 33,3%, respectivamente, em relação aos primeiros três meses do ano. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, houve queda de 3,1% nas importações de diesel, enquanto as de gasolina saltaram 642,9%.
Procurada, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) não retornou o contato. A Petrobras disse que está cumprindo todo o volume contratado.
Fonte: O GLOBO
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