Declaração presidencial com cerca de 50 artigos está em negociação e deverá incluir guerra na Ucrânia e meio ambiente

No encontro que terá, nesta sexta-feira, com o mandatário chinês Xi Jinping, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva espera o apoio do país asiático à candidatura do Brasil a uma vaga como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Este é um dos pontos que estão sendo negociados na declaração presidencial de cerca de 50 artigos que será divulgada após a reunião bilateral, em Pequim.

A China é o único país que tem assento permanente no Conselho de Segurança — e que ainda conta com o poder de veto — a não se pronunciar sobre o pleito brasileiro. Rússia, França, Estados Unidos e Reino Unido já se manifestaram favoravelmente ao Brasil.

Atualmente, o Brasil é membro rotativo do Conselho de Segurança, com mandato para o biênio 2022-2023. Além dos brasileiros, japoneses, alemães e indianos reivindicam o status de membros permanentes. Nos bastidores, fontes envolvidas no tema afirmam que a China rejeita a ampliação com o ingresso do Japão e da Índia, devido a rivalidades regionais.

Outro ponto da declaração cujos termos vão depender do resultado da conversa entre Lula e o presidente Xi Jinping é a guerra entre Rússia e Ucrânia. O Brasil defende um plano de paz e espera uma posição da China sobre essa proposta. Para um interlocutor do governo brasileiro, o mais provável é que saia uma parágrafo genérico.

A declaração presidencial também vai mencionar os compromissos que serão assumidos durante a visita de Lula e os outros pontos importantes da agenda internacional. Existe a possibilidade de o aquecimento global ser tratado em um documento separado, mas não há nada fechado sobre isso por enquanto.

Mesmo assim, serão destacada na declaração presidencial a parceria entre China e Brasil na produção de energia de fontes renováveis, descarbonização e desenvolvimento econômico sustentável.

Outra ênfase será dada às relações entre os dois países no comércio de produtos agropecuários. Os chineses são grandes importadores de alimentos.

Pesquisas e desenvolvimento tecnológico, digitalização de serviços e facilitação de comércio e investimentos serão abordados. Há grande expectativa de os chineses anunciarem que vão investir em projetos de infraestrutura no Brasil, especialmente em energia e ferrovias.

Há dúvidas se a palavra democracia aparecerá no texto. O mais provável é que a declaração traga a expressão “democratização das relações internacionais”.


Fonte: O GLOBO