Brasileira morreu após cair do sexto andar de um prédio, em Buenos Aires; promotores pediram prisão de empresário argentino investigado como suspeito de feminicídio

As câmeras de segurança do prédio onde mora o empresário argentino Francisco Sáenz Valiente, em Buenos Aires, registraram as últimas imagens com vida da brasileira Emmily Rodrigues. A jovem de 26 anos morreu após cair do sexto andar do edifício, situado no bairro do Retiro, na madrugada de 30 de março. O dono do imóvel é investigado como suspeito de feminicídio. Ele teve a prisão demandada pelo do Ministério Público do país, nesta quarta-feira.

O vídeo mostra o momento no qual brasileira passa pela portaria do prédio. Ela havia acabado de sair de um restaurante, onde jantou com um grupo de conterrâneos. Nas imagens, Emmily aparece com outras duas mulheres chegando ao imóvel de Valiente.

As três visitantes e o anfitrião então entram para o prédio. Pouco depois, uma das amigas de Emmily sai do edifício, acompanhada de Valiente. E a brasileira vai até a porta de saída para a rua e observa. Pouco depois Valiente e a outra mulher retornam.

As imagens foram divulgadas pela mídia argentina nesta quarta-feira.

Investigação

O caso é investigado pelas autoridades argentinas. Nesta quarta, a Justiça autorizou uma terceira busca e apreensão no apartamento de Valiente. Na ocasião, os investigadores encontraram preservativos usados e três seringas, uma delas com uma substância ainda não identificada, segundo a agência de notícias Telám.

O Ministério Público argentino também pediu nova prisão do empresário, nesta quarta. Dono do imóvel, Valiente foi preso após o início das investigações, mas acabou sendo solto após um pedido de seus advogados. Ele nega envolvimento na morte da brasileira.

Quando autorizou a soltura de Valiente, a Justiça entendeu não existir base para manter a prisão. Agora, os promotores recorreram da decisão, alegando ainda que o empresário deve ser processado por "feminicídio e facilitação de entorpecentes".

De acordo com a agência Telám, que teve acesso ao pedido dos promotores, eles alegam que a morte da jovem de 28 anos se deu em um contexto "sexualizado" e de "grave violência contra a mulher". Além disso, o documento aponta a cena do crime, o apartamento de Valiente, teria sido alterado, dificultando as investigações.

"Emmily Rodrigues apareceu morta no pátio do prédio, completamente nua, em uma cena anterior de conteúdo sexual, violência física e pedidos desesperados de ajuda que antecederam sua morte", diz o recurso dos promotores, segundo a Telám.

Para os promotores, as evidências reunidas até o momento indicariam que seria Valiente o responsável por causar a queda ao ter fornecido drogas a jovem:

"A vítima, em estado de aparente desespero eufórico, terror e choro, presumivelmente provocados pelas droas e álcool fornecidos por Sáenz Valiente, e numa altura em que se encontrava junto do referido, acabou por cair no vão do prédio através de uma janela", continua o documento.


Fonte: O GLOBO