Senador pediu reunião à ministra Rosa Weber; na segunda-feira, ex-juiz foi acusado pela PGR

Um dia após ser denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) se reúne com a presidente da Corte, ministra Rosa Weber. O GLOBO apurou que a audiência ocorrerá a pedido do parlamentar.

Moro foi denunciado na véspera por calúnia contra o ministro Gilmar Mendes. A denúncia da PGR é assinada pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, e se baseia em vídeo em que o senador aparece falando em “comprar habeas corpus” do ministro, que é decano da Corte.

Na denúncia feita ao STF, Lindôra afirma que Moro cometeu crime de calúnia contra o ministro ao sugerir que o magistrado pratica corrupção passiva. Por isso, a vice-PGR pediu a perda do mandato do senador caso a condenação passe de quatro anos de prisão.

Apesar do pedido à condenação, ministros do Supremo avaliam reservadamente que a denúncia dificilmente levaria a uma pena tão grave quanto a detenção e entendem que a medida serve como uma forma de "pressão" contra Moro. Mesmo a interlocutores, os magistrados evitam entrar no mérito da denúncia, que está sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia.

Antes de ser notabilizado como o juiz à frente da Operação Lava-Jato, Moro atuou como juiz auxiliar de Rosa Weber no próprio Supremo. À época, ajudou da elaboração dos votos da ministra envolvendo lavagem de dinheiro durante o julgamento do mensalão.

Após a divulgação da denúncia, na segunda-feira, a assessoria de imprensa de Moro afirma que "os fragmentos do vídeo editado e divulgado por terceiros não revelam qualquer acusação contra o Ministro Gilmar Mendes".

"O Senador Sergio Moro sempre se pronunciou de forma respeitosa em relação ao Supremo Tribunal Federal e seus Ministros, mesmo quando provocado ou contrariado. Jamais agiu com intenção de ofender ninguém e repudia a denúncia apresentada de forma açodada pela PGR, sem base e sem sequer ouvir previamente o Senador", diz ainda o texto.


Fonte: O GLOBO