Em meio ao frio severo e à devastação causada pelos tremores de terra, socorristas locais começam a receber ajuda de profissionais de outros países

Equipes de resgate da Turquia e da Síria enfrentam, nesta quarta-feira, as chamadas horas "cruciais" para encontrar sobreviventes entre os escombros. O saldo de mortos do terremoto de magnitude 7,8, que atingiu os dois países na segunda-feira, já ultrapassa os 11 mil. 

Em meio ao frio severo e à devastação causada pelos tremores de terra, socorristas locais começaram a receber ajuda de profissionais de outros países. Este já é um dos desastres naturais mais mortais deste século.

O balanço mais recente do governo turco é de 8.574 mortes no país. Nesta quarta, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, visitou a cidade de Kahramanmaras, epicentro do terremoto.

— Enfrentamos dificuldades no início com os aeroportos e as estradas, mas hoje estamos melhores e amanhã estaremos melhores — afirmou o chefe de Estado após críticas da população com a lentidão da ajuda. — Estamos diante de um grande desastre. Meu povo sempre tem paciência. Tenho certeza de que minha nação mostrará paciência novamente.

Na Síria, foram contabilizadas 2.662 mortes, considerando tanto as áreas sob controle do regime de Bashar al-Assad quanto as zonas opositoras.

Os Capacetes Brancos, grupo de socorristas das áreas rebeldes na Síria, pediram nesta quarta-feira à comunidade internacional o envio de equipes para ajudar nos trabalhos de resgate.

— Pedimos à comunidade internacional que assuma sua responsabilidade com as vítimas civis. Precisamos que as equipes internacionais de resgate entrem em nossas regiões — afirmou à AFP o porta-voz dos Capacetes Brancos, Mohammad al Chebli. 

— É uma verdadeira corrida contra o tempo, as pessoas morrem a cada segundo. De acordo com nossas informações, centenas de famílias continuam desaparecidas ou presas nos escombros.

Na terça-feira, o ministro do Interior turco alertou que as próximas 48 horas seriam "cruciais" para encontrar sobreviventes do abalo sísmico, que levou o governo a declarar sete dias de luto nacional. Esse é o pior terremoto que na Turquia desde 1999, quando um tremor de terra matou 17 mil pessoas, mil apenas em Istambul.

A imagem esperançosa de uma recém-nascida resgatada com vida dos destroços, no lado sírio da fronteira, contrasta com o desalento de um pai que segurou por horas a mão da própria filha, morta na Turquia. Mesut Hance ficou foi fotografado ao lado da criança, que teve o corpo preso entre dois blocos de concreto.

Ajuda internacional

Na terça-feira começaram a chegar as primeiras equipes estrangeiras de resgate. O presidente turco afirmou que 45 países ofereceram ajuda. Ele declarou estado de emergência por um período de três meses em dez províncias afetadas.

A União Europeia mobilizou 1.185 socorristas e 79 cães rastreadores para a Turquia, e está trabalhando com parceiros humanitários na Síria para financiar operações de socorro. Os Estados Unidos anteciparam a chegada de duas equipes de resgate à Turquia nesta quarta e também estão trabalhando com ONGs locais para ajudar vítimas sírias.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, insistiu, no entanto, que "os recursos serão destinados a todo o povo sírio, não para o regime" de Damasco liderado por Assad, cujos apelos por ajuda receberam resposta apenas da aliada Rússia até o momento.

O Reino Unido, por sua vez, anunciou que enviará US$ 967 mil (R$ 5 bilhões) adicionais aos Capacetes Brancos.

O terremoto desencadeou uma onda de solidariedade internacional, com os Emirados Árabes Unidos prometendo US$ 100 milhões em ajuda. Até a Arábia Saudita, sem relações diplomáticas com Damasco desde 2012, anunciou uma ponte aérea para auxiliar as populações afetadas dos dois países.


Fonte: O GLOBO