Júlio César Arruda foi demitido depois das invasões às sedes dos Três Poderes

O general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva assumirá oficialmente como o novo comandante no Exército nesta terça-feira. O militar assume no lugar do general Júlio César Arruda, que passará o cargo em cerimônia no Quartel General do Exército. 

O militar foi demitido depois das invasões às sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, em meio às desconfianças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a atuação de militares.

Entre os fatores que levaram à demissão de Arruda está a falta de alinhamento com do general com Lula e ao comportamento do militar diante de acampamentos antidemocráticos que se instalaram em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. 

Na avaliação de integrantes do governo, Arruda teria protelado a desocupação dos alojamentos e, após a invasão às sedes dos Poderes, não vinha contribuindo para o processo de pacificação entre o presidente e a caserna, mostrando-se resistente.

Arruda também estava resistindo em revogar revogar a designação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, para comandar o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais. Cid foi escolhido para o posto em maio, durante a gestão anterior, mas só o assumiria em fevereiro.

O ministro da Defesa, José Múcio, afirmou em mais de uma ocasião que a troca do comando foi necessária porque houve uma “fratura de confiança” na relação com o Exército. Múcio ainda afirmou que o novo comandante, general Tomás Paiva, tomou à frente para decidir o desfecho do caso Cid e se comprometeu a combinar com o o presidente e com o ministro as providências cabíveis ao caso. 

Na conversa com o novo comandante, segundo Múcio, Lula teria pontuado as insatisfações com as Forças Armadas. Em resposta, ele teria pedido um “crédito de confiança” para colocar “as coisas no lugar”.

— Não era só do Cid. Eram outras coisas, a questão dos acampamentos, como se comportou de pronto no dia 8. Foi uma série de coisinhas que foram acontecendo. Gosto muito do general Arruda, de quem me tornei amigo, lamentei bastante. 

Mas tem certas decisões que a gente tem que tomar. E tenho absoluta certeza que foi a decisão acertada, foi o que nós fizemos, o presidente ficou satisfeito e nós estamos aí começando uma nova etapa — afirmou Múcio sobre a troca de comando.

Dias depois, Paiva revogou a designação de Cid. O general teria convencido Cid, alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), que o contexto político não era favorável e, portanto, um afastamento seria uma melhor saída tanto para o próprio tenente-coronel quanto para o Exército neste momento de crise.


Fonte: O GLOBO