Senador afirmou ainda que se sentiu desconfortável com a proposta e, para encerrar o assunto, pediu alguns dias para refletir

Porto Velho, RO - Em depoimento à Polícia Federal (PF), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que o ex-deputado Daniel Silveira queria que o senador que gravasse o ministro Alexandre de Moraes falasse algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição e que Silveira daria um jeito tornar a gravação legal.

Do Val disse também que Silveira afirmou que teria afirmado que poderiam ser usadas as estruturas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), mas que não acreditava que as instituições de envolveriam no plano.

Do Val disse que se sentiu desconfortável com a proposta e, para encerrar o assunto, pediu alguns dias para pensar e que deveria avisar rapidamente ao ministro Alexandre de Moraes. Neste momento, Jair Bolsonaro teria dito que o aguardaria.

“Durante toda a conversa, o ex-presidente manteve-se calado. Que a sensação que teve era que o ex-presidente não sabia do assunto e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento tanto dele como de Bolsonaro”, afirmou em trecho do depoimento.

Segundo Do Val, o ex-presidente em nenhum momento negou o plano ou mostrou contrariedade a ele.

De acordo com o depoimento, ao ser perguntado se foi falada a palavra “golpe”, o senador respondeu que não foi falada, mas que Daniel Silveira disse que usaria a gravação para anular as eleições.

Após a conversa, disse que mandou uma mensagem ao ministro Alexandre de Moraes dizendo que a conversa foi “esdrúxula e criminosa” e perguntou quando o ministro estaria em Brasília novamente porque precisava falar pessoalmente com o ministro. Dias depois, o senador foi ao encontro de Moraes no Supremo e afirmou que a conversa foi “ridícula” e que o ministro fez uma expressão de surpresa pelo absurdo da situação.

Depois, do Val disse que enviou uma mensagem a Daniel Silveira dizendo que não cumpriria a missão. Daniel, então, enviou mensagens e ligou diversas vezes.

Em outro trecho do depoimento, o senador afirmou que a Abin comunicou ao GSI sobre a possível invasão dos prédios dos Três Poderes e que o GSI informou aos demais órgãos de inteligência e ao ministro da Justiça desde o dia 2 de janeiro e que a difusão das informações foi feita em um aplicativo de mensagens que congrega 48 agências de inteligência denominado “Grupo de Inteligência”, no qual faziam parte o secretário da segurança pública do DF, o comandante geral da PMDF e o ministro da Justiça.

Ao final, o senador disse que não foi coagido pelo ex-presidente nem por Daniel Silveira, nem houve nenhum tipo de ameaça após publicar o vídeo sobre a reunião.

Além disso, do Val disse que disponibilizou o celular para extração de dados e análise.

Fonte: CNN Brasil