Senador eleito aproveita evento de indicação para fazer críticas à atuação de miistros do Supremo

O PL confirmou nesta quarta-feira a candidatura à presidência do Senado do ex-ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho, eleito neste ano pelo Rio Grande do Norte. A decisão de lançar um nome de oposição ao atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi tomada em uma reunião da bancada de senadores da legenda na sede do partido, em Brasília, e teve o aval do presidente Jair Bolsonaro.

Embora a candidatura de Marinho faça parte de uma estratégia traçada com ajuda de Bolsonaro para pressionar integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro de Bolsonaro diz que sua candidatura “não é de vingança”. Apesar disso, o senador eleito fez críticas ao aos ministros por supostos excessos em decisões contra bolsonaristas, com as que determinou o bloqueio das redes sociais. Cabe ao presidente do Senado pautar o impeachment de integrantes da Corte.

— Nossa candidatura não é contra ninguém. Não é vendeta, não é uma candidatura de vingança. É uma candidatura legítima do partido que tem o maior número de senadores dessa Casa. O impeachment (de minisitros do STF) está previsto na constituição brasileira — disse Marinho.

Sem citar Pacheco, Marinho disse que o presidente do Congresso não pode se omitir “na hora que a liberdade e inviolabilidade do mandato estão em jogo” e defendeu que os parlamentares têm que ter condições de se expressarem livremente. Segundo Marinho, no Brasil está implantado um “um ativismo, uma criatividade judicial”.

— O pior pecado que pode existir é a omissão. O presidente do Congresso Nacional não pode se omitir na hora que a liberdade e inviolabilidade do mandato está em jogo. Isso significa uma agressão direta ao parlamento brasileiro. Os congressistas precisam ter a condição de se expressarem livremente suas opiniões — criticou.

Dono da maior bancada no Senado com 14 integrantes a partir de 2023, o PL não abriu mão da disputa, apesar de aliados serem céticos sobre o sucesso da empreitada. O plano passa por atrair novos senadores para o partido, entre eles o senador Chico Rodrigues (União-RR), que, em 2020, foi flagrado com dinheiro na cueca durante uma operação da Polícia Federal. Rodrigues assinou nesta sua ficha de filiação ao PL. O presidente da Legenda, Valdemar Costa Neto, diz nos bastidores querer chegar a 20 senadores.

Rogério Marinho tem dedicado as últimas semanas a fazer reuniões, incluindo com o presidente Jair Bolsonaro, que apoia seu nome para disputar com Pacheco. Ele também passou a ser a escolha de Valdemar, após a ex-ministra da Agricultura e senadora eleita, Tereza Cristina (PP-MS), recusar o convite para migrar para o PL e ser a candidata do partido.

O partido de Jair Bolsonaro espera contar com o apoio de Republicanos e também com dissidentes em siglas como União Brasil, MDB e até mesmo do PSD, partido de Pacheco. Como mostrou o colunista Lauro Jardim, bolsonaristas contabilizam que Rogério Marinho já tem 28 votos para a disputa do Senado. Com isso, faltariam apenas 13 votos para superar o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O ex-ministro do Desenvolvimento passou a ser considerado a opção mais viável para angariar apoios de diferentes matizes ideológicas por Valdemar. Ex-deputado, ele esteve à frente da articulação da Reforma da Previdência quando era secretário especial do Ministério da Economia. Depois foi promovido a ministro e seguiu com bom trânsito no Congresso. Sua pasta era uma das que mais distribuíram recursos do Orçamento Secreto, o instrumento por meio do qual deputados e senadores destinavam verbas da União a seus redutos sem serem identificados.


Fonte: O GLOBO